Os produtores de Angus para o programa de carne certificada têm que entender que não produzem apenas boi gordo, e sim carne de qualidade. A exortação foi de Reynaldo Salvador, diretor do programa, para 210 pecuaristas que se reuniram na Estância do Retiro, em Cacequi, para conhecer sistemas de produção e conversar sobre a qualidade da carne e o que é preciso fazer para consegui-la.
As palavras de Salvador servem para todos os pecuaristas, de todas as raças bovinas, pois os consumidores, cada vez mais, querem carne boa, estão dispostos a pagar mais por isso, mas, infelizmente, apesar das afirmações dos dirigentes da cadeia produtiva sobre aumento da qualidade, ainda não é fácil encontrar carne gaúcha macia, saborosa e com a gordura ideal para o consumo. Não será apenas com declarações, publicidade e propaganda que a carne local vai chegar aos padrões da carne argentina. O “bife de chorizo” brasileiro é duro como uma pedra, o da Argentina corta-se com o garfo! É preciso cuidar mais da genética e da qualidade dos pastos, melhorar os métodos de criação e de abate, garantindo que seja mesmo de animal novo, fiscalizar os frigoríficos e os distribuidores, para que evitem a mistura de alhos com bugalhos. Só assim haverá carne de qualidade no varejo, e o pouco de carne de gado com origem europeia – bem melhor do que o Nelore – que sobrar poderá ser exportado com bom preço para os mercados sofisticados.
Veículo: Jornal do Comércio - RS