Pecuaristas temem prejuízos com embargo à carne bovina brasileira, que pode até afetar mercado interno
O aumento dos embargos à carne bovina brasileira tem deixado os pecuaristas de Minas Gerais cautelosos em relação aos rumos do mercado. De acordo com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), as restrições impostas por diversos países, após a confirmação de um caso não clássico da Encefalopatia espongiforme bovina, conhecida também como EEB ou mal da vaca louca, em 2010, no Paraná, podem afetar a demanda interna e externa do produto no Estado promovendo novos recuos nos preços.
Segundo o coordenador técnico estadual na área de Bovinocultura da Emater-MG, Feliciano Nogueira de Oliveira, até o momento 10 países já suspenderam, de alguma forma, as aquisições do produto brasileiro.
"Com o crescente aumento dos embargos existe a possibilidade do mercado mineiro ser afetado. Em 2012, Minas Gerais exportou grandes volumes de carne bovina e mesmo assim o preço do boi gordo ficou abaixo do projetado pelos pecuaristas. A conseqüência dos embargos pode refletir negativamente tanto na demanda externa como interna, causando novos recuos de preços", diz.
Até agora, adotaram restrições contra a carne bovina brasileira o Japão, China, África do Sul, Arábia Saudita, Chile (apenas para farelos de osso e de carne), Jordânia (apenas carne do Paraná), Taiwan, Coreia do Sul, Líbano e o Peru.
"Os países que impuseram restrições não são grandes compradores do produto mineiro, apenas o Chile tem representatividade significativa, mas não restringiu a aquisição de carne bovina. Até o momento não foram registradas conseqüências no Estado, mas o pecuarista deve ficar atento à situação do mercado", avalia.
Temor - Com o aumento dos embargos o temor é que o consumo interno do produto também seja prejudicado. Segundo Oliveira, com a maior divulgação do caso a população pode ficar receosa e reduzir o consumo de carne e derivados bovinos, contribuindo para a queda dos preços do produto.
De acordo com Oliveira, o momento é de o produtor investir, ainda mais, na sanidade dos rebanhos e manter toda a documentação em dia. "Isto será fundamental para comprovar que Minas Gerais oferece a carne bovina de alta qualidade e dentro do mais rigoroso padrão de sanidade".
Ainda segundo o coordenador da Emater, a fiscalização das fazendas produtoras é intensa no Estado. O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) tinha fiscalizado, até setembro do ano passado, 52 unidades produtoras. Deste total 18 foram notificadas e cerca de 5 mil animais destinados ao abate e ao descarte da carne.
"Nessas unidades notificadas foi verificado que os produtores utilizavam a cama de frango para alimentar o rebanho, o que é proibido devido ao risco de contaminação. Com isso, todos os bovinos foram destinados ao abate e a carne descartada", diz Oliveira.
Para o coordenador da Emater, as restrições imposta à carne bovina brasileira são protecionistas, uma vez que na classificação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) o Brasil é classificado como risco insignificante para vaca louca. "Os embargos são de ordem comercial, se buscarmos respaldo nas leis não teremos restrições", ressalta.
De acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), entre janeiro e novembro de 2012, os embarques mineiros de carne bovina somaram US$ 310,7 milhões, alta de 10,71%. O volume embarcado atingiu 66,6 mil toneladas, incremento de 18,73%. A tonelada do produto foi negociada a US$ 4,6 mil, queda de 6,76% frente os primeiros 11 meses de 2011. Os principais destinos são a Rússia, Hong Kong e Chile.
Veículo: Diário do Comércio - MG