Este ano deverá ser um período de preços menos aquecidos do que os de 2012 para o boi. No ano passado, o valor médio da arroba foi de R$ 96,3, tomando como base os valores praticados no Estado de São Paulo.
A previsão é de José Vicente Ferraz, diretor técnico da Informa Economics FNP. Ele crê que essa tendência de baixa nos preços vá ocorrer devido a uma oferta maior de animais prontos para abate.
Ferraz ressalta, no entanto, que há alguns fatores internos e externos que podem alterar essa tendência.
Os EUA estão com o rebanho mais baixo desde que o governo passou a fazer o acompanhamento do setor. A alta dos grãos, base da alimentação dos animais no mercado norte-americano, faz com que a atividade não remunere o pecuarista.
A tendência é uma liquidação ainda maior do rebanho nos EUA, o que poderá reduzir os preços em um primeiro momento, mas vai provocar alta em seguida.
Outro país importante no mercado de bois, a Argentina, continua com seus problemas estruturais. Ainda não se recuperou da forte seca sofrida recentemente e há um grande desequilíbrio entre a remuneração obtida pela pecuária e pelos produtores de grãos. Estes lucram mais. A isso soma-se a interferência do governo no setor, afirma Ferraz.
Por isso, a situação argentina não é solúvel a curto prazo e não há sinais de quando se resolverá, acredita ele. Já a Austrália, outro participante desse mercado de carne bovina, também está sem capacidade de expansão.
A Índia será o único país a incomodar um pouco o Brasil, já que o país vem ampliando a oferta de carne bovina. O produto deles, no entanto, abastece mais a Ásia e a África, diz Ferraz.
Mas o diretor da Informa acredita que também haja motivos para queda nos preços internos. A situação macroeconômica na Europa ainda não foi resolvida, e o consumo dos europeus pode cair.
Exportações menores do Brasil podem inibir uma recuperação dos preços, desde que o consumo interno não absorva essa carne.
Veículo: Folha de S.Paulo