Mesmo com preços melhores em janeiro, o setor de frangos brasileiro vive uma expectativa negativa para este ano, quando calcula que a queda da oferta pode chegar a 10%. A tendência é que 2013 tenha uma quantidade menor de abate devido à permanência dos altos custos de produção para a avicultura, que ficaram muito elevados desde que os preços da soja e do milho atingiram patamares recordes na última safra. Houve diminuição de plantel em quase todos os estados produtores. A única exceção foi o Paraná, que teve crescimento de 8%.
De acordo com o presidente da Associação Paulista de Avicultura (APA), a quantidade de frango brasileiro deve ficar ainda menor do que nos últimos meses, não passando de 490 mil toneladas ao mês em todo o País. No Estado de São Paulo, a redução do alojamento, se comparada à do início do ano passado, pode ser de 25%.
"O grupo das pequenas e médias integrações sofreu muito com a situação financeira em 2012. Elas estão bastante defasadas em relação ao capital de giro para aumentar os plantéis no campo. E os grandes grupos, que não tiveram problemas financeiros, não tiveram lucros. Como as exportações, as expectativas também não são de um aumento muito grande, de 3% no máximo. Os grandes grupos deverão manter as suas produções em função de que, se aumentar a produção, vai aumentar a oferta novamente e todo mundo vai perder dinheiro, como foi em 2012", aponta o presidente da APA, Érico Pozzer.
A falta de capital de giro não é a única dificuldade. Os produtores também seguem com custos elevados. Segundo o analista de mercado Flávio Ruiz, a ração deve ficar ainda mais cara nos próximos meses.
"A tendência é que o preço da ração fique tão caro quanto no ano passado. Se não houver nenhuma notícia que desfavoreça a safra em algum lugar do mundo, a expectativa é de que o preço suba mais ainda. A soja deve ficar nos patamares de R$ 1,5 mil por tonelada de farelo de soja, que leva o preço da ração a R$ 1,8 mil por tonelada", estima o analista.
Com alimentação mais cara e sem poder elevar os preços do frango devido à concorrência com o mercado internacional, visto que quase todo frango brasileiro é exportado, o setor vai precisar buscar alternativas para tentar minimizar os custos nas propriedades e aguardar por um momento mais favorável para os criatórios brasileiros.
Frangos de corte
Segundo a União Brasileira de Avicultura (Ubabef) a produção de carne de frango foi de 12,645 milhões de toneladas no ano passado, o que representa uma queda de 3,17% em relação a 2011. Desaceleração causada pela alta dos insumos e da crise de crédito que acabou levando muitos produtores a reduzirem a produção e até mesmo a encerrar a atividade. A diminuição de frango no mercado promoveu uma adequação entre oferta e procura, elevando os preços. Com isso, o segmento também começou 2013 mais otimista.
Segundo Pozzer, o ajuste de mercado teve início no ano passado. Entre outubro e dezembro, a diminuição da oferta fez com que os preços subissem a um patamar em que o faturamento cobria os custos, porém não havia lucro para o produtor.
Ele diz que atualmente a produção de frangos está controlada e a tendência é que esse ano o preço de venda do frango seja melhor do que no ano passado. No estado de São Paulo, este mês o quilo do frango vivo chegou a ser comercializado em R$ 2,35, enquanto em março de 2012 o quilo era vendido a R$ 1,80. O empresário Roberto Kleffer, da Globo Aves, destaca que negócios chegaram a ser fechados a R$ 3,00.
Veículo: DCI