Menos de três anos após o início das operações, a produtora e processadora de pescados Nativ fechou um acordo para receber um investimento de R$ 200 milhões. Os recursos virão de um fundo de private equity, que compra participações em empresas, da gestora fluminense Global Equity.
Com faturamento anual da ordem de R$ 30 milhões, a companhia espera usar a injeção de capital para ampliar as atividades e chegar a uma receita de R$ 500 milhões nos próximos seis anos, de acordo com o presidente da Nativ, Pedro Furlan Uchoa Cavalcanti. Para ele, um dos diferenciais da empresa é a atuação verticalizada, desde a criação dos pescados, passando pelo processo de industrialização até a distribuição em grandes redes de varejo de alimentos.
O fundo deterá o controle da companhia após a conclusão do negócio, mas Furlan segue à frente da gestão. A primeira rodada do aporte, no valor de R$ 44 milhões, entrou no caixa da companhia neste mês, enquanto o restante dos recursos depende do fechamento definitivo do fundo, previsto para ocorrer até o segundo semestre deste ano.
Entre os planos da Nativ está ampliar a oferta de produtos e elevar a capacidade. Com unidade produtiva e linha industrial localizada no município de Sorriso (MT), a empresa trabalha hoje com quatro variedades de pescados: tambaqui e pintado, da bacia amazônica, além da tilápia e do camarão. No fim do ano passado, a empresa fechou uma parceria para a distribuição dos produtos da americana Trident Seafoods no país.
Em 2011, o mercado global de pescados e frutos do mar movimentou cerca de US$ 100 bilhões em comércio, mas ainda é pouco estruturado no país, segundo Furlan. "A aquicultura tem muitas similaridades com outras cadeias de proteína animal nas quais o Brasil possui participação relevante, como a de frangos e bovinos", diz.
O executivo fala com conhecimento de causa. Sobrinho do ex-ministro Luiz Fernando Furlan, ele deu os primeiros passos profissionais na Sadia, empresa fundada pelo bisavô Atílio Fontana. A intenção original do empresário era estabelecer uma parceria com a companhia, mas o projeto acabou não se concretizando em decorrência da crise com derivativos cambiais que culminou na fusão da Sadia com a Perdigão e a criação da BRF. Hoje, as empresas não possuem nenhuma relação, embora os atuais sócios da Nativ também detenham ações da BRF.
Com o aporte do fundo, a Nativ ganha uma nova chance de acelerar o crescimento. A Global Equity possui um total de R$ 3 bilhões sob gestão, com investimentos em participações na área imobiliária e um fundo que atua especificamente com reflorestamento, ao lado da Vale.
De olho no crescimento do mercado de aquicultura, que atualmente representa 40% do abastecimento de pescados, contra menos de 1% nos anos 1970, a Global Equity montou um fundo para adquirir participações em empresas do segmento. A gestora decidiu, porém, concentrar todos os recursos na Nativ. "Percebemos que a companhia pode atuar como uma consolidadora no setor", diz Onito Barbosa, sócio da Global Equity.
O fundo que investiu na Nativ tem como principais cotistas grandes fundos de pensão e gestores de fortunas. A Global Equity negocia ainda a entrada de investidores estrangeiros.
Veículo: Valor Econômico