Análise encontra arsênio em peixes vendidos em São Paulo

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Resultado, porém, não diz se a fração da substância é prejudicial



Após analisar amostras de atum, pintado, corvina e sardinha frescos de 16 estabelecimentos de São Paulo, incluindo grandes redes de supermercado, a Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) encontrou arsênio acima do nível aceitável em 72% das amostras.

Quanto à corvina, 90% das amostras continham a substância acima da lei. Todas as amostras de atum e sardinha apresentavam níveis além do ideal. Somente o pintado estava livre de arsênio.

A Proteste diz, porém, que não é possível afirmar se o resultado representa perigo à saúde porque os laboratórios brasileiros não fazem a distinção entre o arsênio orgânico e o inorgânico, este sim perigoso para a saúde -pode causar danos ao sistema nervoso, aos rins e ao fígado.

"Esse resultado não é para causar alarde. Não há como diferenciar a forma do arsênio porque a legislação só define o valor total máximo", diz Manuela Dias, do Centro de Competência de Alimentação e Saúde da Proteste.

Dias se refere à portaria da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que estabelece o limite de 1 mg/kg de arsênio total.

Segundo ela, o objetivo é abrir a discussão sobre a necessidade de fazer essa diferenciação. Por isso, a Proteste mandou os resultados para a Anvisa, o Ministério da Agricultura e a Covisa (Coordenação de Vigilância em Saúde de São Paulo).

Um estudo de Leonardo Kuniyoshi e colegas, do Instituto Oceanográfico da USP, também afirma que a legislação deveria também levar em conta o habitat do peixe quanto à salinidade.

Segundo o artigo, organismos marinhos tendem a acumular mais arsênio do que os que vivem em água doce.

Esses valores devem ser observados com cautela, dizem os autores, uma vez que a maior parte dos compostos arsênicos presentes em peixes marinhos são orgânicos e não são tóxicos ao homem.

As formas inorgânicas representam de 1% a 4% do arsênio total encontrado em organismos marinhos, escrevem os autores do estudo.

A Proteste também avaliou os níveis de mercúrio, cádmio e chumbo nos peixes. O mercúrio foi achado em 58% das amostras, mas dentro dos limites aceitáveis. Cádmio e chumbo não foram achados.

Manuela Dias, da Proteste, reforça que os benefícios do consumo de peixe superam os problemas encontrados.


Mercados dizem que cumprem legislação


O Walmart Brasil informou, por meio de sua assessoria, que trabalha com fornecedores que atendem as normas de inspeção federal e que não reconhece a metodologia usada pela Proteste.

As redes Extra e Pão de Açúcar dizem que, em razão da inconsistência de elementos que legitimem a informação da Proteste, não se posicionarão sobre a pesquisa.

Tanto o Grupo Pão de Açúcar quanto o Carrefour afirmam que os peixes passam pelas análises obrigatórias dos órgãos de fiscalização.

O Hirota diz que a Proteste divulga informações "parciais que não contribuem para a melhoria da cadeia produtiva de alimentos".

A empresa afirma ainda que a Proteste não considerou que animais marinhos têm níveis maiores de arsênio na forma orgânica, que não apresenta toxicidade.

O Sonda afirmou ter entrado em contato com seus fornecedores para que as ocorrências sejam sanadas.



Veículo: Folha de S.Paulo


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