A alta no preço do pescado, que já não é novidade para o consumidor paraense neste período do ano, atingiu até mesmo as espécies de peixes mais abundantes no início do ano.
Pescada amarela e dourada, que são comuns o ano inteiro, se sobressaem neste mês de março pela falta dos demais tipos de peixes. Os camarões e o caranguejo, cujo período de defeso encerrou há pouco tempo, também mantêm os preços elevados. As chuvas são o principal motivo apontado pelos peixeiros para a pouca oferta.
A alavancada de 12% no valor do pescado comercializado da Região Metropolitana de Belém em fevereiro, apontado em pesquisa divulgada pelo Departamento de Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese-PA), ainda não foi suficiente para espantar o consumidor mais apaixonado pelos frutos do mar. “Está caro, sim. Entretanto, acredito que pelo benefício para a saúde que o consumo de peixe representa, acho que vale a pena o investimento. Não dá para comer todos os dias, mas pelo menos nos finais de semana eu faço um esforço”, comentou o microempresário Jorge Gomes, de 47 anos, que procurava filé de filhote.
Para a infelicidade de Jorge, o filhote é um dos peixes que passam por um período de escassez agora. Apenas dois boxes no Mercado de Peixes do Ver-o-Peso comercializava o produto fresco, e o preço partia dos R$ 20. “No período de chuvas o pescado costuma ‘sumir’, pois como o volume de água aumenta, o pescador precisa ir mais longe para conseguir encontrar peixe, e nem todos se dispõem a correr riscos”, explicou o peixeiro Ademir da Silva, de 51 anos, 40 destes trabalhando com peixe e habituado a esta variação.
A dourada e a pescada amarela devem despontar como solução para quem não dispensa o consumo de peixes e são encontradas hoje no mercado por cerca de R$ 8 e R$ 18 o quilo, respectivamente. “Estas espécies dão o ano inteiro, mas elas acabam se sobressaindo quando as outras ‘desaparecem’. Mas são pescados muito saborosos, indicados a todos os públicos”, recomendou o peixeiro Sidney Nascimento, de 28 anos, há 13 vendendo peixe.
Algumas espécies naturais da região, como mapará, por exemplo, ainda surgem nas prateleiras do Ver-o-Peso com valores acessíveis. Em um dos boxes, o peixe era vendido pelo preço promocional de R$ 5 o quilo. Existem ainda as espécies que aparecem pouca ou nenhuma vez neste período. “A anchova costumava surgir nessa época, mas nenhum pescador apareceu vendendo este peixe ainda”, diz Sidney.
A pescada gó também entra no rol dos escassos. O camarão e o caranguejo seguem no mesmo ritmo. “O defeso do camarão rosa deveria ter encerrado em 15 de janeiro, mas foi prorrogado até fevereiro. O produto ainda não chegou ao comércio. O camarão regional tem seu período reprodutivo respeitado pelos pescadores, e por isso também teve a pesca suspensa. O valor deve normalizar nos próximos meses”, disse o peixeiro Francisco Lima, conhecido no Mercado como “Dedé”. O camarão ro- sa é encontrado hoje entre R$ 35 e R$ 40 o quilo, no período da “safra”, o camarão é encontrado por R$ 25.
Veículo: O Liberal - PA