Após um 2012 com captura de 47 mil quilos de sardinhas na cidade, GEP prevê redução de 7%
Depois de um ano histórico para a indústria da pesca catarinense, considerado o de melhor resultado em 12 anos pelo Grupo de Estudos Pesqueiros (GEP) da Univali, o setor projeta pequena redução para 2013, que gira em torno de 7%. A previsão ocorre justamente porque 2012 apresentou números positivos acima do esperado, e agora a tendência é de nova estabilização no mercado produtor.
Uma das principais responsáveis pelos índices alcançados no ano passado, a safra da sardinha começou há três semanas e ainda não registrou grandes quantidades na pesca. No ano passado, foram capturadas mais de 47 mil toneladas da espécie, enquanto a média histórica fica entre 20 e 30 mil toneladas.
Pesquisador do GEP e professor nos cursos de Engenharia Ambiental e Oceanografia da Univali, Paulo Ricardo Schwingel, destaca que 2012 fechou com total de 143 mil toneladas de pescado, em Santa Catarina.
Como algumas informações ainda estão sendo contabilizadas e revistas, os números devem crescer e se aproximar das 150 mil toneladas. A estatística, com 90% dos dados concentrados na região de Itajaí e Navegantes, representa o melhor desempenho desde 2000, o que faz com que naturalmente a estimativa para este ano seja menor.
- A safra da sardinha, que foi excepcional e atípica em 2012, impulsionou esse resultado. Agora é normal cair um pouco, e se chegarmos perto de 140 mil toneladas já será uma boa produção - afirma Schwingel.
O que também contribuiu para o resultado o último ano foi a pesca do camarão-rosa, que registrou captura de 1.024 toneladas, contra a média de 300 a 600 toneladas em anos anteriores.
Por outro, lado a pesca da tainha impediu que a performance do setor fosse ainda melhor: Santa Catarina capturou entre janeiro e dezembro apenas 943 toneladas (a pior safra desde 2000), sendo que a média é de 3 mil toneladas anuais, conforme o GEP.
Consumidor
Secretário de Pesca e Aquicultura de Itajaí, Agostinho Peruzzo avalia que a procura pelo pescado é grande pelos consumidores na cidade, mas a oferta é menor do que o necessário. Ele pondera que a indústria acaba absorvendo a maior parte do que se produz, afetando a demanda da população.
- Os barcos trazem peixe, mas não chega ao consumidor - destaca.
Peruzzo comenta ainda que a maior parte do pescado é capturada na região de Santos (SP), muitas vezes nem alcançando o mercado de Itajaí.
Cresce procura
Com a chegada da Quaresma, os comerciantes do Mercado do Peixe, de Itajaí, já verificam aumento nas vendas de pescado. Esse crescimento deve aumentar ainda mais nas próximas semanas, com a proximidade da Sexta-feira Santa. A administração do estabelecimento prevê um acréscimo de 70% das vendas na Semana Santa em comparação com os demais dias do ano.
Para agradar o consumidor e não deixar faltar peixe, os comerciantes já sabem que terão de reforçar o estoque. Além disso, como os preços são muito semelhantes entre um boxe e outro, o atendimento também precisa ser diferenciado.
Atendente de uma das bancas do mercado há dois anos, Patrícia Salcedo, 29, dá dicas de preparo e até ensina algumas receitas. Tudo isso para que o cliente não tenha desculpas para não levar.
- Estou aprendendo umas receitas, então quem precisar pode passar aqui - diz.
Entre os itens mais procurados para a Sexta-feira da Paixão estão o salmão e o camarão, segundo ela. O filé de salmão sai por R$ 70 o quilo e os vários tipos de camarão variam entre R$ 27 e R$ 45. Nos estandes, os comerciantes indicam quais tipos são mais usados em cada prato.
Desde a semana passada, segundo Patrícia, o mercado já tem recebido muitos clientes de outras regiões como Curitiba (PR), onde o pescado é mais caro. Até a venda de bacalhau, tradicionalmente um dos peixes mais caros, já começou a crescer no mercado de Itajaí.
Guilherme Diniz, 20, conta que nesta época a venda cresce até 300%, ficando acima do comércio de Natal. O quilo do lombo de bacalhau salgado, do tipo Gadus Morhua, está custando R$ 90. O filé saiu por R$ 49,90 o quilo e o peixe inteiro custa R$ 35,90 o quilo.
Veículo: Diário Catarinense