Com a Seara, JBS atinge receita de R$ 100 bi e só perde para a Petrobrás

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Grupo, que já era a maior processador de carne bovina do mundo, torna-se líder no mercado de aves

O JBS, o gigante global no processamento de carnes ficou maior ainda. Com a compra da Zenda, empresa de couro no Uruguai, e da Seara, divisão de aves, suínos e comida processada no Brasil, ambas do Marfrig, o faturamento anualizado do JBS vai a R$ 100 bilhões. Com o resultado, a empresa ultrapassa a Vale e se torna a segunda empresa não financeira do Brasil, atrás apenas da Petrobrás.

O faturamento anualizado da mineradora é de R$ 96 bilhões e o da petroleira, de R$ 288 bilhões. A hegemonia do grupo também se fortalece quando se considera a capacidade de abate. "Com a operação, o JBS, que é líder global no mercado de carne bovina, será a segunda empresa brasileira em alimentos processados e assume a liderança no mercado global de aves", diz Wesley Batista, presidente do JBS. A número um em processados continua a ser a BRF.

O Marfrig, por sua vez, se torna uma empresa menor, mas bem mais leve no que se refere às dívidas. O pagamento de R$ 5,85 bilhões pela Seara Brasil será feito por meio de transferência de dívidas do Marfrig para o JBS. Sem as 30 unidades de abate e 21 centros de distribuições da Seara, o faturamento anual cai de R$ 28 bilhões para R$ 16 bilhões. Mas a empresa reduz em 60% a dívida, que somava, ao final de março, R$ 13 bilhões. "Em relação ao endividamento bancário ficaremos praticamente zerados", afirmou Sérgio Rial, presidente da Seara Foods. "A operação coloca a companhia no melhor perfil de dívida dos últimos anos."

A operação foi fechada em tempo recorde. Segundo Batista e Rial, em cerca de 15 dias. O Marfrig avaliou três propostas simultâneas. Além das conversas com o JBS, tinha na mesa ofertas da BRF e da americana Tyson Foods. Preocupada em sanar o alto endividamento, nos últimos meses, a cúpula do Marfrig chegou a avaliar 17 cenários de reestruturação. Tanto Batista quanto Rial afirmaram que o BNDES, acionista das duas empresas, não participou das negociações, nem irá injetar capital na transação.

Os próximos meses serão dedicados a arrumar a casa. Rial anunciou que o Marfrig não pretende vender outros ativos e vai se dedicar ao fortalecimento da área internacional. Batista, por sua vez, afirmou que o JBS não tem no radar novas aquisições e vai se concentrar na integração das novas unidades. Nesta segunda-feira Batista anunciou que Gilberto Tomazoni, presidente da JBS Aves, assumirá a presidência da unidade Seara. Tarek Farahat, presidente para América Latina da P&G, vai presidir o conselho de administração.

Futebol. Além de plantas industriais e da marca Seara, o JBS levou os contratos de patrocínio da Copa do Mundo e do Santos Futebol Clube. O contrato de patrocínio da seleção brasileira foi suspenso pelo Marfrig no mês passado. Coincidentemente, a Confederação Brasileira de Futebol anunciou ontem que o seu novo parceiro é a BRF. O contrato assinado na segunda, com validade até 2022, prevê que os uniformes da seleção e das equipes de base passam a estampar a marca Sadia, dando visibilidade à empresa durante a Copa das Confederações, que terá início no sábado, e a Copa do Mundo, em 2014.

O mercado comemorou o alívio financeiro do Marfrig, mas adotou a desconfiança em relação ao JBS. A ação do Marfrig fechou com alta de 6,3%, a do JBS, em queda de 6,5%. "Nossa primeira reação é a cautela até que os detalhes financeiros sejam fornecidos", afirmam analistas do banco JPMorgan.

Pelos cálculos iniciais, a aquisição vai elevar o endividamento do JBS. O Itaú BBA reforçou suas recomendações. O preço alvo da ação do Marfrig é de R$ 8,50, com um potencial de alta próximo a 14% em relação à cotação da última sexta-feira. O preço alvo para o papel do JBS é R$ 7,50, uma valorização de 5% no mesmo período.



Veículo: O Estado de S.Paulo


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