Carne macia e sofisticada

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Frigoríficos pagam mais por produtos premium, e os consumidores também

Dispostos a pagar mais pela garantia de maciez, sabor e origem da carne, os consumidores sofisticaram seus cardápios e passaram a ficar mais atentos a rastreabilidade, marcas e rótulos de cortes nobres. Ao comprovar a relação direta entre renda pessoal e consumo de proteína animal, os brasileiros fazem crescer o mercado de carne premium puxado especialmente por raças bovinas britânicas, carré de cordeiro e picanha suína.

Considerando todas as carnes, o consumo médio per capita no Brasil neste ano deve ser de 94 quilos, conforme a consultoria em agronegócios Informa Economics FNP. O volume consumido é o segundo maior do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, com 103 quilos. À medida que mais pessoas ascenderam economicamente no país, as condições de acesso a esses alimentos também cresceu.

– Quanto maior a renda, maior o consumo de carnes e de produtos mais caros, como os cortes de primeira – ressalta o zootecnista Alex Lopes, consultor da Scot Consultoria.

Para Lopes, a tendência de vender a carne não apenas pelo peso, mas pela classificação do produto, deve se consolidar nos próximos anos:

– A carne deixará de ser uma commodity para ser classificada conforme a carcaça, índice de marmoreio, idade do animal e marca do produto.

Perguntas antes da compra e do consumo

O hábito do consumidor de buscar carnes premium é constatado em casas especializadas em carnes: eles questionam a procedência do produto, a qualidade e a maciez.

– As pessoas não se importam em pagar mais, desde que não haja risco de erro – diz Marcelo Conceição, especialista em cortes e proprietário da Casa de Carnes Bolinha, em Porto Alegre.

Na churrrascaria Nabrasa Steak, os garçons estão acostumados a responder a questionamentos sobre a origem da carne, servida com requinte.

– A exigência está maior, e o público vem se renovando, com pessoas que ascenderam socialmente – diz Lemir Magnani, sócio da Nabrasa Steak.

Quando se fala em cortes nobres, o preço do quilo da carne bovina pode passar de R$ 50 (veja no quadro acima). Na Casa Garcia, no bairro Menino Deus, os cortes mais procurados são picanha, carré de cordeiro, prime rib, bife de chorizo e costela em tiras.

– Os consumidores buscam cortes diferenciados e novidades – aponta o gerente Norberto Sbeghen, que calcula aumento de 15% nos negócios em 2012 na comparação com 2011.



Veículo: Zero Hora - RS


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