A divisão de aves da JBS ajuda o seu lucro a mais que dobrar no trimestre, para R$ 482,5 milhões
Quando a JBS anunciou a aquisição da marca Seara, em 10 de junho, por R$ 5,85 bilhões, o mercado ficou boquiaberto. Na quarta-feira 14, a JBS, cuja origem foi um pequeno açougue fundado por Zé Mineiro em Brasília, na década de 1960, voltou a surpreender os analistas. Dessa vez, graças aos números do balanço do período abril-junho: a receita líquida avançou 18,7% sobre igual período do ano passado, atingindo R$ 21,9 bilhões. Por sua vez, o lucro líquido mais que dobrou, ficando em R$ 482,5 milhões, aumento de 126,7%. Números portentosos o bastante para influenciar as ações da JBS, que subiram 3,88%, fechando cotadas em R$ 7,48 na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
“O resultado é fruto de trabalho duro de toda a equipe”, afirmou Wesley Batista, CEO global do frigorífico, em conferência com analistas. O destaque do segundo semestre se deveu a um forte incremento das vendas, em R$ 3,4 bilhões, dos quais 70% foram obtidos de forma orgânica. Para o empresário, a estratégia de valorização de marcas como a Friboi, no Brasil, e Pilgrim’s, nos Estados Unidos e no México, ajudou. A contribuição mais significativa para as vendas veio da América do Norte, tanto em carne bovina quanto em frango, representada pela Pilgrim’s Pride.
No primeiro caso, que inclui as filiais do Canadá e da Austrália, a receita líquida atingiu US$ 4,8 bilhões, alta de 11,4%. Em relação às aves, o Ebitda (medida de geração de caixa) atingiu US$ 265 milhões, crescimento de 125% sobre o trimestre janeiro-março. O empresário também destacou a capacidade da JBS de se proteger das variações cambiais. “A forte oscilação do câmbio, que saltou de R$ 2 para R$ 2,30, não nos afetou”, disse. “O que mostra que nosso gerenciamento nessa área é firme e eficiente.” Outro ponto relevante foi o nível de endividamento da JBS, que virou a maior empresa de proteína animal do mundo com a compra da Seara.
A alavancagem caiu de 3,28 vezes em relação ao patrimônio líquido, para 3,21 vezes. Mesmo com a empresa já tendo assumido R$ 324,7 milhões em débitos da Seara, a incorporação total depende de aprovação da transação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A expectativa para o restante do ano, segundo Batista, é ainda melhor. Ele diz que deverá continuar se beneficiando dos ajustes feitos nas unidades internacionais. “Em três meses, a exportação de bovinos para a China foi maior que a registrada em todo o ano passado.” Outro fator positivo é a queda do preço da soja e do milho no Brasil e nos Estados Unidos.
Veículo: Istoé Dinheiro