Retração na demanda do mercado deve provocar queda na produção.
A previsão para o desempenho do segmento de carnes neste exercício não é das melhores e certamente influenciará na produção no decorrer do ano. A avaliação é do presidente do Sindicato Intermunicipal da Indústria de Carnes e Derivados e do Frio de Minas Gerais (Sinduscarne-MG), Eurípedes José da Silva, que acredita em um achatamento da renda no segmento, que poderá ser ocasionado pela menor demanda do mercado.
Segundo Silva, a queda na procura será um reflexo do crescimento do contingente de desempregados no país por causa da crise financeira internacional. Como o produtor também começa a ter redução nos negócios com a retração na demanda, pode ocorrer uma queda na produção por não ter como manter os investimentos de manutenção na atividade, alertou. "Temos que tomar cuidado com este cenário pois os efeitos podem ser graves para o segmento de carnes", alertou.
No caso dos suínos, o dirigente comparou o preço atual do produto, em torno de R$ 2,20 por quilo posto no frigorífico com os custos de produção, que está por volta de R$ 2,70, desequilibrando a renda do produtor. "Quem vai acabar pagando um preço alto é o produtor que, além de arcar com gastos superiores à receita, não vai conseguir escoar a produção de maneira adequada", afirmou.
Enquanto os preços da carne suína estão em baixa, a carne bovina se mantém estável no mercado, com perspectivas de manutenção nos próximos meses. Segundo Silva, com o período de chuvas, os pastos voltam a melhorar e o produtor consegue reduzir os custos de produção e, aliado a isso, começa o período de safra, com maior oferta no mercado. Os preços médios da arroba da carne bovina estão entre R$ 76 e R$ 80 no Estado, de acordo com o animal, afirmou Silva.
Nesse segmento, o dirigente acredita em um consumo estável, que será reforçado pela oferta mantida no decorrer do ano, projetou. "Mas, não acredito em grandes recuperações de preços pois o desemprego está afetando o comércio. O desemprego ainda não chegou no segmento mas, se o cenário for de recrudescimento, o setor poderá começar a demitir, o que ainda não é realidade", explicou.
Mas Silva acredita que os investimentos no setor serão mantidos, uma vez que o segmento está confiante nas ações do governo para enfrentar o momento de turbulências que atinge diversas áreas econômicas. "Estamos aguardando medidas de desoneração do preço da carne que, caso não ocorram, o cenário ficará crítico para as empresas do mercado nacional", alertou.
Segundo Silva, a esperança em medidas emergenciais é grande e o dirigente acredita que o governo federal apoiará a causa. "Estamos aguardando para confirmar se as promessas serão cumpridas pelos governantes pois, só assim, conseguiremos manter mais negócios funcionando e empregos mantidos no decorrer deste exercício", afirmou.
Veículo: Diário do Comércio - MG