Governo busca elevar as cotas russas para carnes

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O governo federal negocia com a Rússia uma elevação nas cotas de importação de carnes suína e de aves reservadas ao Brasil. Como compensação aos "esforços" do governo russo, o Brasil elevaria as compras de trigo e fertilizantes do parceiro. Dois ministros russos devem vir ao país em maio para tratar da ampliação do comércio bilateral, informou na quinta-feira o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. "É isso que está em entendimento e é possível que dê certo". 

 

O governo tenta remediar a preferência da Rússia pela compra de carnes da União Europeia e dos EUA oferecendo "alternativas comerciais" de interesse mútuo. O Brasil entrou na cota de "outros países" quando foram distribuídas as quantidades máximas permitidas em importações de carnes. Mas a Rússia tem rejeitado comprar o produto de Santa Catarina por causa de um mal-estar diplomático gerado por declarações de dirigentes brasileiros sobre eventuais fraudes praticadas em portos daquele país. Dirigentes russos sinalizam a preferência em comprar produtos de outros Estados habilitados, mesmo que Santa Catarina seja considerado o único Estado brasileiro como área livre de febre aftosa sem vacinação. 

 

Em reunião esta semana em Brasília, os catarinenses cobraram uma postura mais ativa do governo federal nas negociações. O vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri, chegou a apresentar a ideia de simplesmente trocar produtos com os russos. "Inicialmente, propus que se realizasse troca de carne suína de Santa Catarina por fertilizantes, mas em conversas com os russos o governo viu que eles teriam interesse em trocar carne por trigo". Na Rússia, há um excedente de 9 milhões de toneladas de trigo. 

 

Barbieri disse que o empenho do governo neste momento é para fazer uma lista de 15 empresas brasileiras que poderiam ter interesse no trigo russo. "A ideia é trocar 50 mil toneladas de carne suína de Santa Catarina por 1,5 milhão de toneladas de trigo russo", disse. Mas, por causa do mal-estar diplomático, não há frigoríficos catarinenses habilitados pela Rússia para exportar. Para Barbieri, proposta similar envolvendo matérias-primas de adubos não daria certo porque a área de fertilizantes na Rússia é dominada pelas empresas americanas e não pelos russos. Enquanto nada acontece, os preços do suíno seguem em queda no Estado. Na segunda-feira, houve mais um corte de R$ 0,05 no quilo, para R$ 1,65. 


Veículo: Valor Econômico


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