Associação Gaúcha de Supermercados projeta queda de 10% no valor dos cortes nobres no varejo esta semana
Com a queda nas exportações brasileiras de carne bovina – que no mês de janeiro foi de 45% em valor e 34% em volume – a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) projeta para esta semana uma redução de pelo menos 10% do preço dos cortes nobres no varejo.
O presidente da entidade, Antônio Longo, afirma que o freio nos embarques, parcialmente ocasionado pela crise, tende a pressionar os valores no mercado interno para baixo.
– Diminuíram as exportações, e os frigoríficos devem desovar o excedente no mercado interno – afirma.
A redução é esperada especialmente para os cortes de primeira, boa parte destinada anteriormente a exportação, como picanha, maminha e alcatra. O presidente do Sindicato da Indústria da Carne do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Ronei Lauxen, confirma o fenômeno, mas explica que a baixa de valores foi mais intensa no início do ano, e não prevê maiores reduções no curto prazo. No entanto, o Índice de Preços ao Consumidor da semana passada, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas, demonstra que a carne bovina teve alta de 2,01% nos últimos 30 dias, sendo que os cortes nobres subiram mais.
Os números divulgados ontem pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) indicam exportações de US$ 255,7 milhões em carne no primeiro mês do ano, referente ao embarque de 81,8 mil toneladas. De acordo com o diretor executivo da Abiec, Otávio Cançado, parte da retração se deve aos efeitos da crise financeira mundial, que restringiu a oferta de crédito, tanto para os exportadores quanto aos importadores. Ele lembra, porém, que em janeiro do ano passado, tanto o volume quanto a receita das exportações foram atípicos.
– Nesse período existia a expectativa do embargo feito pela União Europeia, e por este motivo as empresas anteciparam suas vendas – pondera.
Ontem, as exportadoras de carne protocolaram no Ministério das Relações Exteriores pedido para que o governo negocie um adicional de 8 mil toneladas de carne nacional na cota Hilton (estabelece teto para volume com taxas tarifárias), hoje em 5 mil toneladas.
Veículo: Zero Hora - RS