Em vista dos altos patamares de preço no bovino e da quantidade de áreas de pastagens degradadas, produtor de cana-de-açúcar quer alternar culturas
Com a crise estabelecida nas duas principais culturas de São Paulo, laranja e cana-de-açúcar, os agricultores buscam alternativas que resgatem a rentabilidade do estado. Uma delas é o engajamento na pecuária de corte, impulsionado pelos preços do boi e um potencial de pastagens, hoje degradadas.
"Recentemente, dei um treinamento no Cati com a presença de 100 agrônomos paulistas que querem que parte da agropecuária se torne de corte, independentemente de reduções na área de cana-de-açúcar. Agora é bom momento para fomentar isso e de maneira sustentável", conta o diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres.
A Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) é o ponto de integração entre o setor produtivo e a Secretaria Estadual da Agricultura.
De acordo com o executivo, a medida seria extremamente positiva tanto para os frigoríficos quanto para os pecuaristas da região. A ideia é que os agricultores do setor sucroenergético, por exemplo, diminuam parte dos hectares de plantio e alternem as áreas com criação de bovino.
Com relação à recuperação de pastagens, o diretor da Scot acredita que esta seria a maneira de dar um salto de produtividade no Estado. Uma ferramenta essencial neste cenário é o programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), do governo federal.
No chamado plano ABC, o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) financia até 100% do valor dos investimentos, observado o limite de até R$ 2 milhões por cliente, em cada ano-safra.
"Se fizermos algo bacana, adubado, captamos mais carbono do que a floresta amazônica. Quando melhorarem as pastagens aqui não será necessário derrubar um hectare lá".
Riscos
"Quem quiser deixar a agricultura, de fato, para migrar para o boi pensando apenas nos preços altos certamente vai se complicar", ressalta Torres.
O professor e pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Sérgio Zen, confirma que há vários produtores saindo da cana e indo para o gado e diz que esse processo exige muito cuidado do produtor.
"Ainda temos problemas sérios de tecnologia para crescer. Faltam variedades genéticas para o capim, por exemplo. Sem contar que tudo isso demanda capital e se São Paulo quiser sobreviver na cria, vai precisar de bois de alta qualidade", completa Zen.
Para Torres, prevendo uma dificuldade de gestão neste processo, a secretaria, através do Cati, já está atuando na formação de pessoas.
Veículo: DCI