Bertin monitora o mercado externo mês a mês

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A Bertin S.A. está ampliando o seu leque de atuação para reforçar sua presença dentro e fora do País. No exterior, a empresa monitora o mercado por meio de suas bases e parceiros, observando a relação estoque/consumo, o que tem possibilitado a empresa redirecionar o foco de suas negociações mensalmente. No mercado doméstico, por meio da marca Vigor, o Bertin está ocupando o varejo e levando seus produtos onde sua presença ainda era tímida, estratégia possibilitada pela sinergia entre as duas marcas.

 

Única empresa do setor de carne bovina a falar em expansão no primeiro trimestre de 2009, o Bertin, prevê para o ano um crescimento de até 28%, acima da média histórica da companhia. A estratégia de formar bases de distribuição própria nos principais países importadores e manter nestes uma rede de parceiros garantiu a empresa um alto nível de informação e permitiu que ela intensificasse suas negociações nas regiões onde os estoques de carnes eram limitados "sem o sentimentalismo que está no mercado hoje". "Há vários fatores que jogam contra, mas o nosso planejamento estratégico prevê até 28% de market share para este ano, um crescimento orgânico, baseado em investimentos que maturaram ao longo de 2008", afirma Evandro Miessi, diretor da divisão de carnes do Bertin.

 

Nesse início de ano, a companhia teve um ganho a mais no mercado, principalmente externo, devido a saída, ainda que temporária do Frigorífico Independência. "Apesar da crise tem empresas que continuam operando, automaticamente esse cliente fica vulnerável e há uma migração quase que imediata para outros exportadores. Sentimos um aquecimento da demanda notório em vários mercados que atuamos", diz Miessi. Apesar de transferência imediata de clientes, ele ressalta que até agora o crescimento do Bertin é orgânico e que os números influenciados pelo mercado após a paralisação do Independência só devem aparecer em balanços futuros.

 

Investimentos

 

Em maio, o Bertin se prepara para colocar em operação a planta que terá a maior capacidade instalada de abate de bovinos da América do Sul, podendo chegar a 4 mil cabeças por dia. A unidade está localizada na cidade de Diamantino, no Mato Grosso, e deve iniciar com o abate de 1 mil cabeças por dia. Atualmente, o Bertin abate 12 mil cabeças por dia - cerca de 85% de sua capacidade total que é de 14 mil cabeças.

 

O principal investimento do último ano foi a unidade de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, que entrou em operação em fevereiro de 2008, passou por uma fase de testes, e hoje abate 2 mil cabeças por dia. A planta tem capacidade instalada para abater até 3,5 mil cabeças por dia. A alta capacidade produtiva foi um dos principais fatores na manutenção da competitividade do Bertin. "Como temos um parque fabril dos mais modernos do mundo, com uma flexibilidade de produção muito grande, nós conseguimos nos manter competitivos", avalia Miessi. O executivo destaca ainda a importância do volume de produção no comércio de carnes processadas. "Os produtos industrializados dependem muito do preço da matéria-prima e nós conseguimos ser competitivos pela capacidade produtiva, mantendo o nível de preço, e isto está se traduzindo nos resultados do primeiro trimestre de 2009", diz.

 

Estratégia

 

Segundo Miessi, o Bertin é a única empresa que não perdeu em volume de vendas. Isso porque antes da crise ele já vinha se reposicionando dentro do setor de carne bovina, tanto nos outros países quanto no mercado interno, redirecionando o portfólio de produto. "Compensamos o mercado de exportação de produtos in natura com os produtos processados, que sustentam as perdas no mercado europeu [mercado que se retraiu em 2008 devido ao embargo à carne brasileira por razões sanitárias]", destaca.

 

A estratégia para as vendas externas, desde o início de 2008, é ampliar o número de países atendidos, em razão das restrições impostas ao Brasil pela União Europeia (UE), onde a empresa possuía presença marcante. A estratégia tem dado certo e em apenas dois anos o grupo ampliou sua atuação de 38 para 80 países. Essa presença em vários mercados permite uma rápida migração na busca por compradores.

 

O diretor do Bertin explica que no final de 2008 houve uma finalização da retração dos principais mercados exportadores do Brasil. Essa percepção foi dada pela rede de distribuição que diminui a intermediação nas relações comerciais. "Os outros exportadores já estavam decrescendo e nos principais mercados haveria um recuo nos estoques, detectamos esse movimento e fizemos uma antecipação das vendas, fizemos em novembro, recuamos em dezembro, e voltamos agora a esses mercados", revela Miessi.

 

Foi o caso do Oriente Médio, região para a qual a empresa reforçou suas vendas no quarto trimestre de 2008. "Alguns países importadores já estão com estoques baixos novamente. Essa dinâmica dura mais 30 dias e se inverte e os estoques voltam a aumentar", afirma Miessi.

 

Entre os maiores importadores de carne bovina brasileira, o Irã e a Venezuela são os únicos países onde o grupo Bertin atua apenas no mercado spot.

 

Balanço

 

Os dois primeiros meses de 2009 garantiram bons resultados a empresa, assegura Miessi. Até fevereiro o grupo havia ampliado seu share de 10% para 20% nas vendas de produtos in natura, e se 40% para 50% para industrializados. Na próxima segunda-feira serão apresentados os resultados do quarto trimestre com números que apontam um aumento na rentabilidade e no volume. "O mercado interno tem demandado, talvez primeiro não repita o último trimestre, mas a matéria-prima vem caindo a uma taxa relativamente boa, e o desempenho do Bertin deverá ser muito superior na comparação com o primeiro trimestre de 2008, período em que teve o primeiro impacto violento do embargo", afirma Miessi.

 

O grupo Bertin está ampliando o seu leque de atuação para reforçar sua presença dentro e fora do País. No exterior, a empresa, que monitora mês a mês os polos importadores em suas bases e parceiros, tira partido da relação estoque/consumo. No mercado doméstico, a maior capilaridade de atendimento ao mercado segue os produtos da marca Vigor, que faz os demais produtos da Bertin ampliar a sua disponibilidade na prateleira do varejo.

 

A companhia aproveitou a saída, ainda que temporária, do Frigorífico Independência para ampliar sua fatia no mercado internacional. O Independência, que está sob proteção judicial, tinha atuação forte na Rússia e no Oriente Médio. O Bertin é a única empresa de carne bovina a falar em expansão no primeiro trimestre de 2009 e prevê para o ano um crescimento de até 28% - acima da média histórica já registrada pela companhia. Nesta segunda-feira, o grupo divulga resultados do quarto trimestre de 2008 juntamente com os números da Vigor.

 

"Há vários fatores que jogam contra, mas o nosso planejamento estratégico prevê até 28% de market share para esse ano, um crescimento orgânico, baseado em investimentos que maturaram ao longo de 2008", afirma Evandro Miessi, diretor da divisão de alimentos e carnes do Bertin.

 

Veículo: DCI


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