Esse é o percentual de elevação no preço do peixe em relação a fevereiro do ano passado. Para driblar aumento, consumidor tem a opção dos pescados nacionais, como surubim e cascudo.
A quarta-feira de cinzas abre a temporada de maior consumo de peixes no país. Em Minas, a demanda pelos pescados chega a crescer 30%, entre o fim do carnaval e a Páscoa. O peixe mais cobiçado do mercado, o bacalhau, está até 40% mais caro, pressionado pelo dólar, que valorizou 42% nos últimos 12 meses. Do lado dos pescados nacionais, a inflação dos insumos somada à crise hídrica, reduziu a produção interna. Ainda assim o consumidor pode conseguir boas promoções e driblar a alta.
Nesta quaresma o bolso das famílias está apertado pela crise na economia, o que reduz a demanda. Além disso, os tradicionais produtores estão enfrentando maior concorrência dos chineses, o que ajuda a frear os preços. Os asiáticos estão produzindo do tradicional bacalhau, especialidade norueguesa, até a tilápia, forte no lago de Furnas e Três Marias. No caso do bacalhau, a China vem ganhando espaço nas gôndolas e já responde por cerca de 20% das importações brasileiras.
Levantamento do Mercado Mineiro mostra que em relação ao ano passado, o bacalhau Saithe, que custava R$ 38,20 em média, encareceu 40%, passando a custar em média R$ 53,15. O famoso bacalhau do Porto Imperial, que custava em média R$ 69,52, subiu para R$ 80,16, um reajuste de 15,3%. A diferença entre estabelecimentos é bastante alta, e para o consumidor que pretende levar o peixe para a mesa durante a quaresma, vale a pena pesquisar. A tilápia, por exemplo, é encontrada de R$ 12,90 até R$ 39,90, uma variação de quase 210%.
No comércio, os estoques já estão sendo abastecidos para a demanda do período. No tradicional Império dos Cocos, no Mercado Central, o quilo do Saithe é comercializado a R$ 39,90 e o lombo do bacalhau do porto a R$ 115, o quilo. O gerente Alexandre Cândido diz que, diante do cenário de recessão na economia, um crescimento de 5% nas vendas já pode ser considerado um dado otimista. O câmbio fez a loja mudar sua estratégia de compras. “Estamos abastecendo os estoques aos poucos, aguardando pelas ofertas dos importadores”, diz. Segundo o comerciante, o reajuste de preços nos peixes importados não deve ultrapassar 10%. “Não podemos repassar toda a alta do dólar para o cliente.
Ronaldo Brandão diretor da Tilápia do Vale, criatório no lago de Três Marias, fornece o peixe para supermercados de Belo Horizonte e diz que suas vendas já cresceram 20% em relação ao ano passado. “Acredito que este ano vá faltar tilápia para abastecer a demanda no mercado”, comenta.
Nos últimos cinco anos o consumo de peixes no país tem crescido na ordem de 10% ao ano, mas a crise hídrica que reduziu o volume dos reservatórios do estado fez muitos criadores reduzirem a produção ou desistirem da produção de peixes em tanques.
Seca O coordenador de piscicultura da Emater-Minas, José Rasguido, confirma a maior demanda na quaresma e não descarta a alta de preços. Segundo ele, no caso da tilápia, a produção no estado deve encolher perto de 3 mil toneladas em 2015, devido à seca que atingiu os lagos de Furnas e três Marias, polos da produção mineira. Ao mesmo tempo, ele diz que o dólar encarece o bacalhau e peixes como o salmão.
Puxando a sardinha para o anzol nacional, o especialista diz que a vantagem da produção local em relação aos chineses que chegam mais barato no mercado brasileiro é a qualidade da água. “Nos lagos de Minas não há contaminação dos pescados por metal pesado”, diz. Ele ainda aponta que a Rússia interrompeu a compra da tilápia chinesa devido a barreiras sanitárias.
Segundo o Mercado Mineiro, o quilo do filé de merluza, que custava em média R$ 15,24 no ano passado, agora é encontrado por R$ 21,60, aumento de 42%. O quilo do filé de surubim que custava em média R$ 34,4 subiu para R$ 40,90, reajuste de 19%. O quilo do cascudo é encontrado em média a R$ 14,88, 10,4% mais caro que em fevereiro do ano passado.
Veículo: Jornal Estado de Minas - MG