Carne que é a alternativa mais barata para o consumidor já deverá ser encontrada a um preço mais alto a partir desta quarta-feira.
Recém passada a folia, é hora de encarar mais um aumento – que, dessa vez, atinge a carne mais barata para o bolso do gaúcho. Depois de aumentar 36% de janeiro de 2015 a janeiro de 2016, o preço do quilo do frango deve saltar mais 15% nos próximos dias. O presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), Nestor Freiberger, afirma que a valorização do preço será sentida pelo consumidor ainda na primeira quinzena de fevereiro.
Mais uma vez, o dólar é o vilão do aumento. A cotação da moeda norte-americana influencia no preço de venda do milho e da soja, responsáveis por 70% do custo de produção do frango. Embora o Rio Grande do Sul seja produtor destes insumos, a maior parte do que é plantado aqui é exportado.
— Teremos que aumentar de imediato, pois estamos numa situação desfavorável. Só o milho subiu 63% em um ano, ou seja, ainda estamos em defasagem. Não temos mais como segurar — justifica Nestor.
O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, afirma que, para o varejo, o aumento chegou nesta segunda-feira. Em um primeiro momento, o reajuste será de 9%. Ou seja, a partir de hoje, os novos preços já chegarão ao consumidor. Não se descarta mais reajustes para os próximos dias, para completar os 15% previstos pela Asgav. Na última semana de janeiro, o preço médio do quilo do frango, segundo a Agas, era de R$ 6,25. Se aumentar 15%, o valor subirá para R$ 7,18.
Segundo Antônio, o frango resfriado é o que mais sofre com o aumento. Para quem tentar encontrar o produto com o preço antigo, uma alternativa pode ser o frango congelado.
— O frango congelado normalmente tem mais estoque, e às vezes o supermercadista consegue comprar o congelado mais barato.
Outra alternativa é a carne de porco, que já representa 15% da venda total de carne no Rio Grande do Sul. Há uma década, este índice era de 5%. Se comparado entre a carne bovina e de frango, o suíno tem um preço intermediário. Nos últimos 12 meses, o aumento de consumo do suíno chegou a 30% nos supermercados, de acordo com presidente da Agas:
— Essa carne não teve aumento como o frango e a carne bovina, pois o preço se manteve, não foi aplicada nem a inflação. Assim que o frango começou a subir, a carne suína passou a ser mais procurada.
Susto no consumidor
Comerciantes de casa de carnes no Mercado Público de Porto Alegre ainda não tinham informações, na sexta-feira passada, sobre quando o aumento do frango iria chegar, mas os consumidores já se mostravam assustados com mais este acréscimo de preços.
O casal Liqueria, 25 anos, e Wagner Esquedim, de Viamão, desembolsou R$ 74 para comprar 2kg de carne de gado e 5kg de carne de frango. Antes, a carne vermelha estava mais presente na mesa da família, mas o preço nas alturas fez o casal preferir o franguinho.
— Estou sempre inventando receitas com frango. Preferimos os cortes de coxa, sobrecoxa e peito — comenta Liqueria, que é instrutora de treinamento e está desempregada.
Fiscal rodoviário, Wagner questiona de onde vai tirar dinheiro para mais este aumento.
— Vamos ter que apelar para os legumes e deixar a carne de lado. Dia desses, ela até fez uma lasanha de abobrinha que ficou muito boa. Também vou dar uma olhada nos preços da linguiça. Com um arrozinho, fica ótimo — diz.
Para compensar mais esta alta nos gastos da família, Liqueria planeja diminuir a compra de frios e as saídas do casal. Se no ano passado, eles davam uma volta pelo menos uma vez por semana, agora, são duas vezes por mês. No máximo!
Compare os preços
Carne de Frango (kg): R$ 6,41
Carne Suína – Paleta (kg): R$ 10,15
Carne Suína – Costela (kg): R$ 17,02
Carne de Gado – Costela minga (kg): R$ 16,93
Carne de Gado – Coxão de dentro (kg): R$ 28,78
*Média de preços do mês de janeiro segundo a Agas.
Toque da colunista Giane Guerra
Quando itens básicos de consumo sobem muito de preço, a situação complica. É difícil fugir. É o caso do frango. Afinal, ele já era uma alternativa mais barata à carne bovina.
Fora que frango – e a carne no geral – não podem ser limados da mesa do consumidor de uma hora para outra.
O negócio é recorrer à nossa boa e velha pesquisa. Comparar o preço no mercadinho, com o do açougue e do hipermercado.
Ficar atento aos cartazes e catálogos de promoção. Às vezes, o comerciante negociou uma grande quantidade a bom preço com o frigorífico e consegue fazer um preço mais camarada.
Se você pagar R$ 8 por um frango que pagaria R$ 10, já diluiu todo o aumento e mais ainda. Junte a família, rachem a gasolina e visitem um atacado. Os preços costumam ser convidativos.
Veículo: Site Diário Gaúcho