A Coopercentral Aurora anunciou ontem a paralisação do abatedouro de suínos em Joaçaba, no meio-oeste catarinense, e a demissão de 200 funcionários. O presidente da cooperativa, Mário Lanznaster, afirma que uma série de circunstâncias levou a empresa a tomar esta decisão, entre elas a crise econômica mundial, a redução das exportações, a falta de água e de infraestrutura da unidade. Segundo ele, a água sempre foi um problema na região que enfrenta seca novamente.
O ponto de captação é insuficiente e o abatedouro precisa se adequar à legislação ambiental, já que não tem onde destinar os efluentes. Lanznaster afirma também que o abate, de 1.100 cabeças por dia, é pequeno e as carcaças produzidas em Joaçaba não têm valor agregado. Precisam ser enviadas para outros frigoríficos para serem cortadas e industrializadas.
"Por todos estes motivos resolvemos parar tudo e elaborar um projeto para implantar salas de corte e de industrialização e pelo menos dobrar o abate", diz. Assim, antes da retomada das operações industriais, que não tem prazo estabelecido e não será em 2009, a unidade receberá investimentos para o reforço no suprimento de água e um novo setor de industrializados. Desde sua inauguração, em 2002, o frigorífico aguarda investimentos em parceria com o estado e o município para a construção de um sistema de captação de água bruta e destinação de efluentes.
Lanznaster diz que este foi o maior volume de demissões ocorrido até agora na cooperativa. Em Joaçaba, a unidade já vinha alternando os abates dia sim, dia não, e em Quilombo (SC) reduziu os turnos de três para dois na unidade de frangos. Segundo ele, a Aurora não promoveu mais dispensas porque parou de contratar. "Hoje estamos com 13 mil funcionários. Diria que deixamos de admitir cerca de 500 pessoas nos últimos meses".
Produção mantida
A paralisação em Joaçaba não representará recuo na atividade econômico-financeira nem afetará a produção total de carne suína da Aurora, pois o abate será transferido para as unidades de Chapecó (SC) e Erechim (RS). A cooperativa, segundo informa, abate 12 mil suínos por dia e 420 mil frangos por dia. Além de não reduzir o volume de operações, a medida tomada pela cooperativa vai otimizar os processos de industrialização e gerar uma economia de R$ 7,2 milhões em 2009.
A unidade ocupa área de 20 hectares do Distrito Industrial, que se localiza à margem da rodovia BR-282) e a planta industrial possui 15 mil metros quadrados de área coberta, com capacidade para industrializar 200 suínos por hora. A indústria injetava na economia regional R$ 8 milhões mensais em salários, matérias-primas, insumos, impostos e fornecedores.
A Federação dos Trabalhadores das Indústrias de Carne e Derivados e Indústria de Alimentação e Afins de Santa Catarina afirma que vai acionar o Ministério Público e o Ministério Público do Trabalho para tentar solucionar as questões trabalhistas. Segundo a entidade, mais de mil empregos indiretos deverão ser afetados com o fechamento do frigorífico.
Veículo: Gazeta Mercantil