China importa até 500 mil toneladas de frango

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A grande expectativa do setor avícola brasileiro, desde que eclodiu a crise econômica mundial em outubro do ano passado, sempre se concentrou na iminente abertura do mercado chinês para a carne de frango. Nesta semana, a espera chegou ao fim e o País se prepara agora para entrar em um mercado que importa anualmente 500 mil toneladas de carne congelada. Os primeiros embarques começam a ser enviados ao país asiático nas próximas semanas.

 

Especialistas garantem que mesmo frente à retração de produção, que derrubou em cerca de 20% o número de pintos alojados, os produtores têm plenas condições de acelerar a produção para chegar aos patamares exigidos pelo mercado asiático graças à grande capacidade instalada.
"Preferimos não fazer projeções sobre o quanto vamos enviar em um primeiro momento, mas asseguro que temos plenas condições de exportar o volume solicitado de frango inteiro e cortes de coxa e sobrecoxa - os mais demandados", afirmou o presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (Abef), Francisco Turra. Ao contrário do que ocorre nos setores de carne bovina e suína, no caso da avicultura a velocidade de reposição dos plantéis é muito rápida e pode ocorrer em até 50 dias.

 

A China produz hoje 12,5 milhões de toneladas de carne de frango ao ano, tem um consumo de dez quilos do produto por habitante/ano e para atender ao mercado interno precisa importar dos Estados Unidos e da Argentina. Mesmo assim, a demanda é muito grande e aumenta a cada ano, especialmente por se tratar de proteína de custo mais acessível. É nesse nicho que o Brasil pretende se encaixar e aproveitar o conceito positivo que os chineses têm em relação ao frango nacional. "Não tivemos problema algum com influenza aviária, o que dá muita credibilidade ao nosso produto em termos de sanidade", disse o presidente.

 

O secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Célio Porto, afirmou que a China é considerada por produtores e indústria como o grande eldorado do setor no momento, um país ávido por alimentos em função do rápido crescimento demográfico e do intenso movimento de migração do campo para as cidades. Além dos ganhos diretos, a entrada no mercado chinês é considerada pelo setor como um passaporte para a possível penetração na Indonésia e Malásia. Antes da abertura do mercado da China continental, o Brasil já exportava para Hong Kong, mercado que em abril, conforme dados da Abef, absorveu 152 mil toneladas. A Arábia Saudita recebeu 147 mil toneladas do produto brasileiro e o Japão 96 mil toneladas. Em abril, o volume de exportações de carne de frango atingiu 329,9 mil toneladas, com crescimento de 7,63% sobre março. No entanto, mesmo com sinais de recuperação, a crise não é considerada pelo setor como coisa do passado. "A recomendação aos produtores é de cautela acima de tudo. Esperar que os primeiros negócios sejam efetivados para só assim pensar em aumentar a produção", disse Turra.

 

Entre os frigoríficos credenciados para exportar para a China está a Perdigão, que em função da recente fusão com a Sadia está em período de silêncio e preferiu não se pronunciar sobre a decisão chinesa. A Doux, Minuano e Penasul também foram incluídos na lista, mas também optaram por não comentar o licenciamento. A largada para as exportações para a China foi dada a partir da liberação da lista de 22 frigoríficos brasileiros, credenciados pela General Administration of Quality Supervision, Inspection and Quarantine (AQSIQ), da República Popular da China.

 

Veículo: Jornal do Comércio - RS


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