Feicorte vira palco de debate entre pecuaristas e frigoríficos

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Priscila Machado

 

SÃO PAULO - O impasse entre frigoríficos e pecuaristas deve avançar no mês de junho e o principal palco de discussões será a Feicorte, maior feira do setor de carnes. Os criadores querem abolir a venda a prazo e boicotar as empresas que continuam inadimplentes. Nos próximos dias, deve ainda chegar às mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o projeto que modifica da Lei de Falências (Lei nº. 11.101, de 2005), com emenda que inclui, no processo de recuperação judicial, a obrigatoriedade de a empresa quitar, dentro de um ano, os débitos com os fornecedores de matéria prima de origem agrícola e pecuária.

 

O documento já foi entregue ao ministro das Relações Institucionais, José Múcio, e inclui ainda o parcelamento dos débitos tributários e previdenciários das empresas em recuperação judicial e a compensação de tributos pelo saldo credor da Contribuição para PIS/Pasep e Cofins, que a empresa tenha acumulado no trimestre.

 

A campanha dos pecuaristas já tem nome, "Só a Vista", e foi adotada nos Estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso Sul. A soma da dívida dos frigoríficos com produtores dessas três regiões é de aproximadamente R$ 354 milhões, de acordo com informações da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg).

 

Sem resolver suas divergências com os criadores, os frigoríficos continuam trabalhando com margens bastante apertadas. Segundo o último levantamento realizado pela Scot Consultoria, os preços da carne bovina no atacado recuaram 1,9% no acumulado dos últimos sete dias encerrados na quarta-feira. O cenário de queda é atribuído à redução das vendas no mercado interno e a valorização do real sobre o dólar, o que diminui a competitividade do preço da carne brasileira no mercado externo. "Depois da alta nas cotações do boi gordo ocorrida na semana passada, o mercado ainda está trabalhando em ambiente firme e as indústrias pagam mais pelas boiadas. Porém os problemas no escoamento não permitem que o reajuste seja repassado ao atacado", avaliou Alex Santos Lopes da Silva, analista da Scot.

 

Em maio, os exportadores brasileiros enviaram ao exterior 75,1 mil toneladas de carne bovina in natura, gerando uma receita de US$ 234,4 milhões. Na comparação com o mês de abril de 2009, a queda foi de 11,79% em volume e 5,38% em faturamento.

 

Ainda que os números não apontem um movimento de retomada consolidado os produtores se mostram otimistas. "O momento é de recomprar e honrar contratos", afirmou Rubén Osta, proprietário da RHO Agropecuária. O criador e presidente da Visa do Brasil já um fluxo maior de recursos com a retomada da entrada de capital estrangeiros no País. "O ano de 2009 ficará abaixo do ano passado, mas a perspectiva é positiva", disse. "Mesmo com uma redução na demanda externa de forma geral, o setor de carnes é um mercado no qual o Brasil está sendo privilegiado", avaliou.

 

Feicorte

 

"A crise não atrapalhou a Feicorte em nada", é com essa certeza que Décio Ribeiro dos Santos, diretor da Agrocentro, realizadora da feira, apresentou alguns números da 15ª edição do evento que acontece em São Paulo no período de 16 a 20 de junho. A Feicorte 2009 reunirá 200 empresas expositoras e animais de 1,2 mil criadores de todo o País. Segundo Santos, a feira está maior que no ano passado e é esperado um volume de negócios maior. "A feira foi beneficiada porque ocorre em um momento onde todo mundo já engoliu a crise. Quem precisava dar uma virada deu e quem parou de investir nos últimos meses está retomando os negócios", avalia.

 

Uma das novidades da feira este ano será a presença da Comissão de Agricultura.

 

O impasse entre frigoríficos e pecuaristas deve avançar este mês e o principal palco de discussões será a Feicorte, a maior feira do setor da cadeia de carnes. Os criadores querem abolir a venda a prazo e boicotar empresas que continuam inadimplentes. Nos próximos dias, deve chegar às mãos do presidente Lula o projeto que modifica da Lei de Falências, com emenda que inclui, no processo de recuperação judicial, a obrigatoriedade de a empresa quitar dentro de um ano os débitos com os fornecedores de matéria-prima de origem agrícola e pecuária. O documento foi entregue ao ministro das Relações Institucionais, José Múcio, e inclui o parcelamento dos débitos tributários e previdenciários na recuperação judicial.


Veículo: DCI


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