Proposta do Independência é recusada por pecuaristas

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Os pecuaristas credores do frigorífico Independência, em recuperação judicial desde março deste ano, rejeitaram ontem a proposta homologada em julho pela empresa na Vara Distrital de Cajamar (SP). Diante da recusa, a direção do frigorífico da família Russo pediu uma nova reunião com os dirigentes de cinco federações estaduais de agricultura para apresentar outra proposta na próxima semana aos 1.524 criadores de gado.

 

Sob a coordenação da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), os pecuaristas avisaram que vão obstruir a aprovação do plano de recuperação na assembleia-geral de credores e ameaçaram suspender o fornecimento de gado às unidades do Independência em Rolim de Moura (RO) e Janaúba (MG) para forçar o pagamento da dívida de R$ 194 milhões. Procurado, o Independência não se manifestou.

 

Os credores querem receber a totalidade dos débitos, e não apenas o teto de R$ 80 mil por pecuarista. E rejeitam condicionantes como a garantia de entrega do gado ou a obtenção de R$ 330 milhões para quitação das dívidas. "É 100% do crédito ou nada. E eles têm que fixar uma data para pagar", afirmou o presidente da Comissão de Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira. Os produtores têm até 17 de agosto para obstruir a aprovação do plano de recuperação na Justiça.

 

Os criadores querem, ainda, receber juros e correção nas dívidas desde o dia do abate do rebanho. "E queremos a garantia do Grupo Independência que inclua essa nova empresa. Se não houver isso, não tem boi", disse Nogueira. O Independência propõe quitar a primeira das 36 parcelas de dívidas até R$ 80 mil por credor 30 dias após receber o novo financiamento de R$ 330 milhões.

 

A reunião teve a presença de três representantes de cada federação - Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás. "Mostramos a unidade dos pecuaristas ao frigorífico", disse Nogueira. Ele afirmou que o teto de R$ 80 mil é "um número mágico" que resolveria 52% do passivo total de R$ 3,45 bilhões do Independência, mas deixaria de fora 37% dos pecuaristas. No total, os criadores respondem por 5,6% dos débitos do frigorífico, que teria passivo com 34 bancos e 4 mil fornecedores e prestadores de serviços. O total da dívida usado pelos pelos pecuaristas nos cálculos não considera ajustes por conta da desvalorização dólar - quando divulgou o plano de recuperação, o Independência mencionou dívida de R$ 3 bilhões.

 

Em seu plano de recuperação judicial, o Independência propõe transferir R$ 1,1 bilhão em dívidas e ativos para a futura subsidiária batizada de Nova Independência. O frigorífico ficaria com 66% do capital da nova empresa e o restante seria dividido entres os sócios controladores e o BNDESPar. Os demais débitos de R$ 2 bilhões virariam dívida perpétua, que seria paga apensa em caso de venda do frigorífico ou da nova empresa.

 

Em seu pedido de recuperação, a empresa alegou à Justiça problemas com falta de liquidez nos mercados financeiros e dificuldades na rolagem de linhas de financiamento de curto prazo. Questões relativas ao comércio de carne também afetaram a competitividade do Independência. Demanda baixa e excesso de oferta mundiais somaram-se ao recuo nos preços internacionais e a inundação do mercado interno com carne anteriormente destinada à exportação.

 

Veículo: Valor Econômico


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