Descontente com o plano de recuperação apresentado pelo frigorífico Margen, o Fundo Multi Carteira Nova Alemanha, formado por Oppenheimer e QVT Fund, pediu, ontem à tarde, a suspensão da assembleia de credores em Rio Verde (GO), informou o advogado do Margen Murillo Lôbo. Agora, a reunião dos credores do frigorífico será retomada no dia 20 de agosto.
O Nova Alemanha é o maior credor do Margen e se opôs às três propostas de pagamento das dívidas apresentadas pelo frigorífico, que pediu recuperação judicial no fim de 2008. Segundo Lôbo, o fundo rejeitou a proposta que previa a transformação dos credores em acionistas de uma nova empresa a ser criada com o intuito de tornar o Margen viável - a NewM S.A. A alegação foi que há impedimento legal para que o fundo seja acionista de empresa. Procurados, os advogados do Nova Alemanha não se pronunciaram até o fechamento desta edição.
Com a objeção do Nova Alemanha, para o qual o Margen informa dever R$ 122 milhões, a empresa apresentou uma outra proposta, pela qual o fundo não se tornaria acionista como os outros credores financeiros com garantia real.
Na proposta anterior, a NewM S.A teria duas classes de ações, as ordinárias (80% do capital) e as preferenciais (20%), sem direito a voto. A atual controladora do Margen , a GM Rio Bonito, teria 45% de ações ordinárias e as instituições financeiras, 35% . Os outros 20%, de ações preferenciais, seriam assim divididos: 10% para os quirografários (credores sem garantias) e os demais 10% em tesouraria, reservados para créditos que venham a ser reconhecidos judicialmente.
Na proposta modificada apresentada ontem, o Margen amortizaria parte da dívida com o Nova Alemanha com a venda da unidade de Ribeirão Cascalheira (MT), em construção - o valor é estimado em R$ 5 milhões. O saldo da dívida seria pago mediante a emissão de debêntures perpétuas pela NewM, com correção anual de TR mais 2%, segundo Murillo Lôbo.
O resgate ocorreria com "eventos de liquidez" (venda da empresa) da NewM. No caso de resgate das debêntures em até cinco anos, haveria deságio de 75% do valor da dívida, entre cinco e dez anos, desconto de 60% e acima disso, deságio de 50%. Uma fatia de 15% de ações ordinárias (que pela proposta anterior seria do Nova Alemanha) seria colocada em tesouraria com garantia real de penhor em favor do fundo destinado à abertura de capital, explicou.
Segundo Murillo Lôbo, o Nova Alemanha pediu a suspensão da assembleia alegando precisar de mais tempo para analisar a proposta. Para o advogado, o "desejo [dos fundos] é que o Margen venda o patrimônio para pagá-los". "Isso é falência", queixou-se.
"Vamos analisar a estratégia para que possamos atender tanto o maior credor quanto os demais", disse Lôbo. Para instituições financeiras, incluindo o Nova Alemanha, o Margen deve R$ 270 milhões. Para pecuaristas e fornecedores, R$ 80 milhões e para trabalhadores, R$ 17 milhões.
Veículo: Valor Econômico