Suinocultores da Região Sul do País irão reduzir em 20% o número de matrizes e buscam ajuda do governo para administrar o prejuízo que abateu o setor em 2009. O acordo para redução do plantel foi fechado com os produtores não integrados dos três estados e vai na contramão da expectativa de expansão do mercado. De acordo com Wolmir de Souza, presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), a redução das matrizes é uma ação drástica e jamais pensada, principalmente em Santa Catarina que, com a conquista do Status Sanitário de Livre de Aftosa sem vacinação, tinha esperança de um crescimento nas oportunidades de mercado e não da diminuição de plantel. "Mesmo não sendo a favor, pois isso vem na contramão do que a entidade sempre lutou, não temos outra saída e vamos ter que adotar essa medida", explica Souza.
Outras alternativas que estão sendo buscadas para melhorar a renda do produtor dependerão de ações do governo federal. Entre elas está o lançamento do Prêmio de Escoamento da Produção (PEP) do suíno, para que o produtor tenha auxílio no frete para levar animais da região Sul para outros estados de maior consumo. Além dessa medida, os produtores querem que o governo federal compre 50 mil toneladas de carne suína. As propostas deverão ser apresentadas ainda esta semana, quando lideranças do setor se reúnem com representantes do Ministro da Fazenda e da Agricultura para pedir a suspensão imediata do pagamento das dívidas dos produtores e a prorrogação por até dez anos.
Segundo a ACCS, hoje o prejuízo dos suinocultores chega a R$ 60 por animal. A remuneração pelo quilo do suíno vivo varia entre R$ 1,70 e R$ 1,90, enquanto o custo médio de produção é de R$ 2,30. No mercado interno, a oferta e a fraca demanda pressionaram as cotações nos últimos dias e, consequentemente, do animal vivo. Agentes ouvidos pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) nos últimos dias disseram que houve aumento do número de animais de abate nas últimas semanas. No entanto, a demanda por carne não tem se aquecido nem mesmo com as temperaturas baixas e com o início do mês, quando a procura aumenta.
A receita com as exportações de carne suína também está em queda. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), no mês de julho o Brasil faturou 42,4% a menos com as vendas externas do produto, o que equivale a uma perda de US$ 91 milhões. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a retração foi de US$ 147,5 milhões para US$ 103,3 milhões, 30% menos. O volume exportado, por outro lado, pulou de 51,7 mil toneladas para 53,9 mil toneladas no mesmo período - uma alta de 4,23%. "Um bom resultado, levando em consideração os efeitos da crise sobre o apetite dos clientes internacionais", avaliou Lygia Pimentel , da Scot Consultoria.
Investimento
Para alguns empresários, que apostam na melhora do setor no longo prazo, o momento é de agregar valor à produção. O mato-grossense Grupo Lucion e o paulista Frigorífico Pietro estão aplicando R$ 25 milhões na construção de uma unidade de abate de suínos. As obras do frigorífico Nutribras, localizado em Sorriso, começarão na segunda quinzena de agosto e devem ser concluídas em 18 meses. A primeira fase do projeto prevê o abate de 1 mil animais dia, mas o volume poderá ser ampliado para 3 mil animais a partir do terceiro ano de operação da planta, o que demandará outro montante em investimentos. O Grupo Lucion já mantém granjas de suínos nos municípios de Sorriso e Vera, onde são produzidos 150 mil animais por ano.
Veículo: DCI