Independência rejeita pagar total da dívida a pecuarista

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Em busca de apoio para aprovar seu plano de recuperação judicial, o frigorífico Independência rejeita pagar a totalidade da dívida de R$ 194 milhões com os 1.524 pecuaristas credores, como exigido por cinco federações estaduais da Agricultura na semana passada. "Pagar 100% à vista não é possível porque a empresa não tem o dinheiro", diz o diretor-financeiro Tobias Bremer. "Falamos de um fluxo de caixa que tem que ser dividido com outros credores. Se dou mais para um, outros terão menos".

 

Ex-executivo do JP Morgan, Bremer informa que a empresa usará recursos próprios para, em breve, reabrir a sétima de suas 13 unidades operacionais. E revela haver "boa oferta" de linhas internacionais de crédito para a capitalização da companhia, que busca R$ 330 milhões no mercado. "Precisamos desse capital novo para pagar os pecuarista, ter capital de giro, recomeçar as unidades e gerar caixa para pagar a todos os credores", diz Bremer.

 

O diretor afirma que o crédito novo será a "fonte de pagamento" dos pecuaristas. "Precisamos do capital e plano para recomeçar a atividade". Bremer diz que a "nova dívida" ficará "extremamente protegida" pela oferta de garantia real das plantas da empresa. "O risco associado a ela, no caso de falência, é baixo. Seria o primeiro a receber. Por isso, existe apetite de vários fundos e bancos internacionais com áreas especializadas nessas operações".

 

A empresa reconhece que sua proposta aos pecuaristas "não é a ideal", mas defende o plano como "muito melhor" do que as proposições feitas por concorrentes em situação semelhante, como Margen, Quatro Marcos, Arantes e IFC. "Nossa proposta não é a ideal. O pecuarista tem direito de receber à vista, mas a realidade econômica não permite. É um plano muito melhor do que qualquer outro no mercado. Eles receberiam antes do que qualquer outro credor", afirma. Nem mesmo a oposição declarada dos pecuaristas abala o otimismo de Bremer: "As conversas foram positivas. Sabemos que precisamos tratá-los de forma diferente e preferencial. Os demais credores já entenderam e isso fica muito claro no nosso plano", diz.

 

O Independência aguarda o próximo dia 15 para convocar a assembleia-geral dos credores e colocar o plano de recuperação em votação, o que deve ocorrer até meados de setembro. "Propomos pagamento sem carência, pagamento à vista e sem descontos até R$ 80 mil, o que beneficia 64% dos pecuaristas e 95% dos demais fornecedores", resume.
 


Veículo: Valor Econômico


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