O dólar perdeu terreno ontem, com a confiança crescente dos investidores determinando uma demanda de refúgio pela moeda americana. O apetite pelo risco, que havia sido estimulado na sexta-feira depois que um relatório do governo dos Estados Unidos sobre o nível de emprego no país mostrou números melhores que os esperados, ganhou mais força ontem com a diminuição das preocupações em relação aos problemas fiscais da Grécia.
Os temores em relação a Grécia diminuíram depois das informações de que a Alemanha e a França estão planejando lançar um Fundo Monetário Europeu para evitar a repetição de instabilidades na zona do euro decorrentes do endividamento de um único Estado membro, como ocorreu com a Grécia.
O apetite pelo risco também melhorou depois que o presidente da França Nicolas Sarkozy prometeu apoio ao governo grego. "Se a Grécia precisar de ajuda, nós a daremos", disse ele.
John Normand, do J.P. Morgan, disse que a reação recente do dólar parece estar perdendo força. Ele afirmou que, embora os problemas que deram força ao dólar no primeiro trimestre - os temores de uma desaceleração econômica mundial, o risco soberano e o aperto monetário chinês - não tenham sido resolvidos, um progresso substancial foi obtido, especialmente quanto aos problemas fiscais da Grécia. Além disso, Normand disse que, com o posicionando de mercado indicando que os investidores estão agora comprados em dólar, novos ganhos da moeda americana serão mais difíceis de ocorrer. "O dólar não deverá atingir novas altas nesta primavera", disse ele. "A reação do dólar tem sido incomumente ampla para um ambiente de juros baixos, mas o movimento está chegando ao fim."
O dólar caiu ontem 0,3% para US$ 1,3665 por euro e recuou 0,4% para US$ 1,0702 contra o franco suíço. Mas a moeda americana subiu 0,4% para US$ 1,5079 contra a libra esterlina, depois que pesquisas de opinião apontaram para um parlamento "amarrado" após as eleições que devem ocorrer no Reino Unido em maio. Isso aumentou os temores em relação à posição fiscal do Reino Unido.
Zhou Xiaochuan, presidente do Banco Popular da China, o banco central chinês, disse que o fim das medidas de estímulo implementadas para combater a crise financeira mundial irão, "cedo ou tarde", representar o fim da política cambial "especial" do banco central.
Analistas disseram ontem que este é o sinal mais claro dado até agora de que a China vai abandonar a âncora cambial "de fato" do yuan ao dólar, em vigor desde a metade de 2008. Segundo esses profissionais, isso poderá resultar em fortalecimento do iene, uma vez que uma valorização do yuan melhoraria a posição comercial do Japão, mas ainda não há sinais sobre o "timing" dessa medida. Desse modo, o iene foi alvo do aumento da confiança dos investidores.
A moeda japonesa permanecer estável em relação ao dólar ontem, a 90,33 ienes por dólar, mas recuou 0,3% para 123,48 ienes contra o euro e perdeu 0,6% para 123,48 ienes contra o dólar australiano.
Veículo: Valor Econômico