Inflação sobe, mas tem produto com preço em baixa

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IPCA acumula alta de 2,09% nos três primeiros meses do ano. Porém, há itens da cesta básica que ficaram mais baratos e aliviaram o orçamento do consumidor

 

A inflação subiu 2,09% nos três primeiros meses deste ano, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, mas nem todos os produtos acompanharam essa alta e foram pelo caminho contrário, apresentando redução de preços e segurando uma elevação ainda maior do índice geral.

 

A demanda em 2010 está em alta desde o início do ano para boa parte dos produtos, o que pressiona os preços e eleva a inflação. Contudo, há itens importantes na cesta básica de consumo que apresentaram queda, como aqueles feitos a base de farinha de trigo, soja e carnes. Dos 383 itens analisados no IPCA, 89 tiveram redução de valores no varejo.

 

Os produtos que apresentaram queda têm influências sazonais na sua produção e comercialização. “A maioria dos produtos tem maior demanda no fim do ano, quando há maior renda nas mãos dos trabalhadores com o pagamento de abonos e 13º salário. Após esse período, a tendência é de redução do consumo e queda de preço”, diz o professor de Economia do Insper, Otto Nogami.

 

No segmento de alimentos, a maior queda apresentada no trimestre foi da uva, com redução de 13,4%, seguida pela tangerina, que ficou 9,9% mais barata, e pelo frango em pedaços, que teve o preço diminuído em 6,7%.

 

Para as frutas a explicação é que o período foi de colheita do produto, que apresentou uma boa safra. Já as carnes sofrem influência externa. “É uma questão cambial. Com o real valorizado, diminui a exportação desses produtos para outros países e sobra no mercado interno, ficando mais barato para o consumidor final”, afirma o professor de Economia da Fundação Instituto de Administração (FIA) e diretor presidente do Instituto de Pesquisas Fractal, Celso Grisi.

 

A demanda em baixa no início do ano também foi responsável pela queda de preço do cimento (-1,47%), da passagem aérea (-15,68%) e de algumas peças de roupa (até -12,49%). No caso do vestuário são as liquidações do estoque passado que aparecem como fator determinante para o resultado negativo dos artigos.

 

O consumidor que quiser economizar e escapar da inflação precisa ficar de olho nos produtos que estão em período de safra. “Faça pesquisa de preço antes de comprar e fique de olho no que é produto da época. Se subiu, busque a substituição, como no caso da laranja: a fruta acumula 28,69% de aumento por causa da produção menor devido a uma praga que atingiu os pomares, e pode ser substituída pela tangerina”, diz Nogami, do Insper.

 

A expectativa dos especialistas é de alta da inflação nos próximos meses. “Temos uma pressão com a ampliação da classe C (renda familiar média entre R$ 933 e R$ 1.391), que é reflexo do crescimento da renda do brasileiro. Com isso há aumento da demanda frente à menor oferta de produto, o que faz os preços subirem”, explica Nogami.

 

Para conter a inflação, Grisi acredita no aumento de 0,50 ponto porcentual na taxa básica de juros, a Selic, que está em 8,75%, na próxima semana quando ocorre a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). “Isso fará diminuir a oferta de crédito e desaquecer a demanda”, comenta.

 

Em alta

 

O que deve continuar com o preço em alta nos próximos meses é o leite. O produto sofreu aumento do custo de produção por causa da chuvas, que estragaram a pastagem fazendo com que o gado seja confinado e tratado com ração.

 

Veículo: Jornal da Tarde

 


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