O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse ontem, em evento em São Paulo, que o governo fará o possível para não frear o crescimento e que reagirá "com rigor na área fiscal no combate à inflação". "Uma das prioridades do governo é o controle inflacionário. Para tanto, pela primeira vez, houve um segundo contingenciamento no Orçamento da União (2010), um sinal de que estamos preocupados com a situação fiscal do País", explicou.
Recentemente, o ministério divulgou um corte de R$ 10 bilhões dentro do total orçamentário previsto para este ano (R$ 560 bilhões). O novo contingenciamento somou-se aos R$ 21,9 bilhões feitos no início do ano. "O corte de R$ 31,9 bilhões é um volume expressivo", considerou o ministro. Ele negou que seja possível que um terceiro bloqueio seja feito ainda neste ano. "Nossas contas já estão acertadas", disse.
Bernardo afirmou que a política monetária é importante no controle à inflação, mas existem alternativas. "Não precisa utilizar apenas a taxa de juros para combater a inflação, a elevação dos depósitos compulsórios e o contingenciamento foram outras opções usadas. Vamos fazer de tudo para ficar dentro da meta prevista [4,5%]. Acredito que se subir, será próximo de 5%, que me parece tolerável."
"Não podemos nos assustar pelo fato de o Brasil ter crescido no primeiro trimestre a 9%, foi um pibão, mas não quer dizer que teremos um jurão", disse o ministro, ao comentar sobre a previsão de altas consecutiva da taxa básica de juros (Selic) pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central.
Eventos esportivos
Na oportunidade, ele também comentou que o governo está preparado para sediar o que considera "os dois maiores eventos de entretenimento do mundo": a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016.
Ambos os eventos são encarados como grandes oportunidades para todos os estados, principalmente aqueles que deverão sediar os jogos da Copa do Mundo. Apesar de não ser sede do campeonato mundial, o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, afirma que o estado está se preparando para receber os turistas que desejarem conhecer as cidades capixabas. "Nossos vizinhos são sede, mas o evento traz impacto em toda a região, temos que conectar as nossas ações. O estado já desenvolveu uma boa estrutura de hotelaria", apontou durante entrevista ao DCI.
Porém, o governador criticou a falta de infraestrutura da região e do País. "Estamos [sudeste] aquém da necessidade do País. A retomada da economia mostra que temos um dever de casa pesado a ser encarado de forma planejada. Temos uma grande oportunidade de crescimento, mas passa por gargalhos." Segundo ele, a iniciativa privada tem interesse em investir, mas é preciso que altere alguns marcos regulatórios. "No nosso caso, por exemplo, o atraso de quatro anos das obras do porto de Vitória reflete em uma situação muito grave", comentário este transformado em pedido de ajuda ao ministro do Planejamento pelo governador, durante o fórum realizado em São Paulo.
PIB e gargalos
De acordo com Paulo Bernardo, o resultado sobre o PIB no primeiro trimestre, divulgado na última terça-feira, foi excepcional. "Fiquei surpreso com a velocidade de recuperação da indústria, o que reforça a atuação da política governamental, com estímulos fiscais e a ampliação de crédito, além da elevação do poder aquisitivo da população", comentou.
Bernardo afirmou que o ritmo de crescimento do próximo semestre deve ser menor. "Mesmo assim, vamos ter que refazer os cálculos. O governo trabalhava com uma projeção de crescimento entre 5% e 5,5%, agora, pode elevar para 6% ou mais", reafirmou. Ele também prevê que a taxa de investimento, que avançou 26% no período comparado ao mesmo trimestre de 2009, alcance 19% sobre o PIB neste ano.
Segundo o ministro do Planejamento, é possível que o País sustente seu crescimento. "Isto porque temos uma previsibilidade, onde é possível que tanto o governo quanto setor privado possa se planejar. Além disso, nossa democracia possibilitou que, hoje, o mercado financeiro não tema o resultado das eleições como foi nos últimos anos", elogiou. Para ele, é necessário que o País avance 5% em média nos próximos oito anos para que o Brasil se torne a quinta maior economia do mundo no final desta década.
Na opinião do presidente da Usiminas, Wilson Brumer, apesar da falta de infraestrutura ser um dos gargalhos ao crescimento, a prioridade para o Brasil evoluir de forma sustentável é investir na educação. "Falta capacitação profissional em vários setores."
Veículo: DCI