Qual o fator de maior peso para a inflação, a capacidade ociosa ou o nível de emprego? Essa foi a pergunta que o Carlos Augusto Gonçalves, da Faculdade de Economia e Administração, da USP buscou responder.
O baixo desemprego é a variável mais determinante para o aumento da inflação porque eleva o consumo. Conta mais que o Nuci (Nível de Utilização da Capacidade Instalada), segundo estudo.
Como, em geral, quando a capacidade atinge seu nível potencial o desemprego também cai, é difícil determinar qual o fator mais relevante no aumento da inflação.
Em 2008, as duas variáveis estavam presentes quando a inflação subiu, lembra ele. O Banco Central se preparava para uma aperto monetário, quando veio a crise. "Difícil separar qual o fator mais importante naquela ocasião."
Feitas as regressões com os dois fatores juntos, "o que aparece é que o desemprego domina", afirma.
O professor ressalta que é importante ter cautela na análise de dados estatísticos no Brasil, onde a série histórica é muito curta e há mudanças estruturais.
A taxa de desemprego no país estava em 7,3%, em abril, último dado do IBGE. O economista estima queda do desemprego para cerca de 6% em dezembro. Do lado da atividade e do varejo, há sinal de moderação.
"A inflação não sairá de controle, mas os juros devem estar entre 11,50% e 11,75% no final do ano", diz.
Veículo: Folha de S.Paulo