A elevação da taxa básica de juro, a Selic, já impactou o sentimento do empresariado brasileiro que, começa a se mostrar mais cauteloso em relação às tomadas de decisões empresariais a partir do terceiro trimestre. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) promoveu aumento de 1,5 ponto percentual no juro de referência - foi uma puxada de 0,75 ponto em abril e outra de igual magnitude em junho -, para 10,25% ao ano e, pelo que apurou a Serasa Experian por meio de pesquisa com 1.015 executivos de todos os setores, feita entre os dias 31 e 4 e divulgada ontem, o objetivo do BC de conter um pouco o ímpeto de expansão da economia parece ter começado a se realizar.
No que tange os investimentos, 33% das empresas pretendem ampliá-los a partir do terceiro trimestre. Outros 54% vão mantê-los conforte o planejado anteriormente, 3% pretendem promover cortes e 10% disseram que devem postergar o investimento. Avaliação dos economistas da Serasa Experian é a de que os resultados apurados no terceiro trimestre de 2010, quando comparados com os do segundo, mostram que houve uma ligeira migração para as expectativas mais negativas.
Os 33% que pretendiam aumentar os investimentos no segundo trimestre permanecem no terceiro, não havendo crescimento. Os que iriam manter os investimentos no segundo período, que eram 59% dos entrevistados, caíram para 54% no terceiro. "Na opinião de promover cortes, era 1% no segundo e evoluiu para 3% no terceiro trimestre. Os que vão postergar os investimentos passaram de 7% do empresariado, no segundo trimestre, para 10% no período seguinte, que é o motivo de avaliação desta pesquisa", avaliam os economistas.
Quando se desagrega as respostas referentes ao investimento por setores, o que se mostra mais otimista é o financeiro. Mesmo tendo 57% dos executivos respondendo que manterão os investimentos programados, as instituições financeiras têm outros 40% dizendo que vão ampliá-los no período. O comércio tem 34% dos empresários com intenção de investir mais e 55% mantêm os planos. A indústria tem 33% elevando os investimentos e 54% preservando o planejamento. Os serviços têm a menor parcela de empresários com expectativa de aumentar os investimentos no terceiro trimestre, 31%, e 54% seguirão as metas.
Por porte, as médias e grandes empresas, com 36% e 35%, respectivamente, possuem a maior parcela de empresários dispostos a aumentar os investimentos no terceiro trimestre do ano. Os que vão mantê-los são 54% e 55%, na mesma ordem. As pequenas empresas têm 32% dos negócios pretendendo aumentar os investimentos e 53% seguindo os planos. A Região Norte, de acordo com o levantamento, tem uma relação mais equilibrada entre ampliar os investimentos (44%) no terceiro trimestre de 2010 e mantê-los (49%). O Nordeste e o Centro-Oeste têm 37%, cada um, dos empresários com expectativa de aumentar os investimentos. Na mesma ordem, os que planejam mantê-los são 55% e 50%. No Sudeste e Sul, são 32% e 30% para a evolução dos investimentos, respectivamente, e 53% e 57% preservando o planejado.
A pesquisa da Serasa Experian constatou ainda que, para a maior parte das empresas consultadas, 62%, o quadro de funcionários não terá alteração. Para 32%, aumentará e para 6% diminuirá. Neste aspecto, o setor financeiro sobressai-se, novamente - 45% delas pretendem contratar e 53% dizem que manterão o quadro atual. Na indústria, são 36% apostando no crescimento do número de funcionários e 62% mantendo os atuais. No setor de serviços, são 33% ampliando a contratação e 61% mantendo. Por fim, no comércio, são 29% demandando mais mão de obra e 63% usando o potencial do quadro atual.
Por porte, as médias (38%) e grandes (34%) empresas são as que concentram a maioria das que pretendem contratar mais funcionários no 3º trimestre, ainda que 58% e 62%, nesta mesma ordem, aproveitarão os recursos humanos de que dispõem. Nas empresas de pequeno porte, 30% contratarão mais e 63% manterão o quadro atual. Na análise regional, o Norte tem 40% dos empresários com intenção de contratar mais pessoas no 3º trimestre de 2010 e 57% manterão a situação de pessoal presente. No Nordeste, são 38% contratando e 58% preservando o quadro de funcionários. No Centro-Oeste, esta relação é de em 37% e 55%, respectivamente. No Sudeste, são 30% e 65%, e no Sul, 30% e 61%.
Veículo: Diário do Comércio - MG