Setor produtivo prevê alta de 15% da taxa de investimento

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O setor produtivo prevê que o crescimento da taxa de investimento (Formação Bruta de Capital Fixo) seja de 15% (em média) este ano, informou o indicador Sensor Econômico de maio e junho, apresentado ontem pelo diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), João Sicsú. De acordo com o estudo, feito com base nas previsões de 65 instituições no País, as respostas neste quesito variaram de 10% a 18,3%.

 

O sensor econômico do Ipea é feito a cada bimestre e expressa as perspectivas dos principais indicadores macroeconômicos para o ano, conforme análises feitas por um grupo formado de cerca de 70 entidades associativas do setor produtivo ou ligadas ao trabalhador brasileiro.

 

Segundo o estudo, também houve alta nas expectativas sobre o crescimento da taxa de investimento desde o início do ano, ao passar de 12,1% em janeiro e fevereiro, 13% em março e abril, a alcançar 15% em maio e junho. "A previsão da expansão de investimento, tanto do setor público quanto pelo privado, acompanha a expectativa para o avanço do PIB (Produto Interno Bruto)", avaliou Sicsú. "Historicamente, a taxa de investimento pode duplicar ou triplicar com relação à previsão do crescimento econômico. Portanto, se a expectativa do PIB crescer, a taxa de investimento possa apresentar alta maior. E tudo indica que a tendência é chegar próximo ao patamar de 19,5% em 2010", acrescentou.

 

O sensor econômico do Ipea revela que o setor produtivo acredita que o PIB deve crescer, em termo reais, 6,5% neste ano, a mesma previsão do Ministério do Planejamento, com uma variação nas respostas entre 6% a 6,8%. "A média da respostas das instituições demonstra um otimismo com relação à economia brasileira. E se há previsões positivas, podemos esperar bons resultados no futuro", analisou Sicsú. A mediana para o crescimento econômico também apresentou alta das estimativas, isto é, passou de 5,2% no sensor de janeiro e fevereiro, 5,5% no de março e abril, até chegar à média divulgada ontem.

 

O diretor do Ipea destacou, ao lançar a pesquisa, que as projeções são do setor produtivo e não fazem parte das perspectivas do instituto. Questionado que se o sensor e até mesmo as novas previsões do governo sobre o PIB poderiam influenciar na revisão do Ipea para as estimativas de 2010, Sicsú foi categórico. "Não pretendemos revisar, nossas previsões são as mesmas do início do ano. Somos um instituto de pesquisa e, portanto, não trabalhamos como as consultorias que precisam revisar suas estimativas para orientar negócios", disse.

 

Recentemente, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, projetou que a economia poderia crescer entre 6,5% e 7% este ano. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, também disse acreditar que o PIB possa ter alta de 7%. O Banco Central (BC) chegou a revisar sua estimativa para crescimento de 7,3%. Ainda de acordo com o último relatório Focus, divulgado pelo BC, a previsão do mercado é de que a elevação seja de 7,2%.

 

Segundo Sicsú, o Ipea trabalha com estimativas de apenas três indicadores. Para o PIB, a expectativa permanece em alta entre 5,5% e 6,5%; para a inflação continua entre 4% e 5%. E saldo de transações correntes, a previsão do instituto varia de déficit de US$ 55 bilhões a US$ 65 bilhões.

 

Com base na expectativa do PIB, o setor produtivo aguarda inflação (medida pelo IPCA) ao patamar de 5,5% em 2010, contra 4,7% registrado no sensor de janeiro e fevereiro, e 5,2% no de março e abril. "Pode ser que a previsão para o IPCA se dissolva por conta dos preços dos alimentos e transportes públicos. Ou seja, pode ser que a expectativa para a inflação diminua e com isso a avaliação para a Selic (taxa básica de juros) também", entende o diretor do Ipea. Os consultados para o sensor estimam que a taxa básica de juros alcance 11,5% ao ano em 2010, com uma variação das respostas entre 11% e 12%.

 

Demais indicadores

 

Ainda sobre a evolução da economia, outro ponto que demonstra o otimismo das instituições consultadas é que essas acreditam que deverão ser criados neste ano 1,550 milhão de empregos - com base em dados do Caged -, isto é, 3,3% maior do que o estimado anteriormente (1,500 milhão de novos empregos).

 

O estudo apresenta também projeção para volume de exportação a encerrar este ano no valor de US$ 180 bilhões, contra US$ 175 bilhões previstos no último sensor. Para importação, é estimado o valor de US$ 160 bilhões, mesmo montante observado na pesquisa anterior. Apenas a expectativa para o câmbio revelou redução de R$ 1,83 para R$ 1,82.

 


Veículo: DCI


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