Os empresários cujos negócios estão diretamente relacionados ao mercado interno querem que o novo governo adote uma política econômica que sustente a trajetória de crescimento dos últimos anos e aproveite para usar sua força de recém-eleito para fazer as reformas que o país precisa, entre elas a tributária e a trabalhista - essa, uma preocupação adicional com a vitória de Dilma Rousseff.
"O consumo no Nordeste, em especial, foi favorecido nos últimos anos, e é importante que esse bom desempenho permaneça, assim como o de todo o país", diz Luiz Carlos Batista, presidente do conselho da Máquina de Vendas, segunda maior varejista de eletrodomésticos e móveis do Brasil. Batista também teme um apagão de mão de obra. "Mesmo em funções básicas, como em vendas, falta cada vez mais gente qualificada."
Na opinião de Nabil Sahyoun, presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), a reforma trabalhista deve ser tratada com prioridade pelo novo governo. "É uma vergonha que tenhamos uma legislação trabalhista tão arcaica", diz Sahyoun. O crescimento dos lojistas, especialmente dos pequenos e microempresários, diz ele, corre o risco de ficar "sufocado" sob os encargos. "Defendemos a eliminação de parte dos impostos para diminuir os custos de contratação."
No governo da presidente eleita Dilma, Sahyoun considera preocupante que o sindicalismo continue ganhando força, como aconteceu na era Lula, afirma. "Às vezes, a interferência dessas entidades [nas negociações] é radical e ninguém tem controle sobre elas", diz. Ele também defende uma gestão mais eficiente. "Os gastos nesse governo foram muito exagerados", diz. "É fundamental um equilíbrio entre o que se arrecada e o que se gasta."
Décio Casarejos Pecin Jr., vice-presidente CNA, rede de ensino de idiomas, não acredita que o negócio onde atua será afetado pelo resultado das eleições presidenciais, especialmente porque, na sua avaliação, o mercado interno continuará aquecido, o que ajuda o segmento de serviços. Ele espera que o novo presidente aproveite o início de governo para aprovar reformas como a tributária, a previdenciária, a política e a trabalhista.
Veículo: Valor Econômico