Metade das indústrias já importa

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Pesquisa da Fiesp mostra que número de empresas de São Paulo que importam máquinas e insumos cresceu 17% este ano

 

Com o real valorizado em relação ao dólar, uma em cada duas indústrias paulistas importa máquinas, insumos e até produtos prontos de vários lugares do mundo, principalmente da Ásia. Pesquisa inédita da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) indica que 55% das fábricas já se abastecem no exterior, em detrimento do fornecedor local.

 

Só este ano, 17% das indústrias passaram a trazer mais produtos e equipamentos do exterior do que o faziam anteriormente, e outras 3% começaram a importar. A entidade ouviu 354 empresas de todos os tipos e tamanhos instaladas no Estado. "Estamos sob efeito de uma constelação de fatores adversos que achata a competitividade e ameaça a produção doméstica", diz o diretor do departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini.

 

Boa parte das empresas que recorre ao exterior está em busca de insumos mais baratos. Segundo a pesquisa, 66% das companhias importam, preferencialmente, matérias-primas, 20% trouxeram máquinas e equipamentos e 23% importaram produtos acabados.

 

Os porcentuais variam um pouco conforme o porte da empresa. Entre as grandes, o porcentual de empresas que importam máquinas e equipamentos sobe para 34%. Entre as pequenas, acaba sendo mais fácil já trazer o produto pronto do exterior e apenas distribuir. A pesquisa apontou que 29% das pequenas empresas paulistas trazem produtos prontos de fora do País.

 

Os empresários responsabilizam, entre outros fatores, o real forte pela falta de competitividade do produto nacional. Segundo Francini, o yuan chinês está subvalorizado em 40% em relação ao dólar, enquanto o real estaria sobrevalorizado em 42%. "Não tem eficiência produtiva que seja capaz de vencer o desafio de produzir por metade do valor", argumenta o executivo.

 

Polêmica. Mas a questão não é simples. Para o ex-ministro Mailson da Nóbrega, a taxa de câmbio piora a situação, mas não é a causa da desvantagem brasileira. "A questão sobre o câmbio é uma medida escapista", diz Mailson. "Ela desvia a atenção do problema central, que são as condições desiguais de infraestrutura, sistema tributário, legislação trabalhista e taxa de juros."

 

O economista Eduardo Giannetti da Fonseca afirma que a maneira certa de lidar com o câmbio forte não é protegendo a indústria, mas melhorando a competitividade. "Há muita coisa que podemos fazer aqui dentro para reduzir o custo em dólar do que é produzido no Brasil."

 

Ele sugere reduzir os tributos sobre a folha de pagamento. "É um peso maior do que o do câmbio sobrevalorizado", avalia. "Se reduzíssemos esses tributos, nem que seja substituindo-os por outros que não incidem sobre o custo de produção, vamos dar uma enorme ajuda à indústria nesse momento difícil."

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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