Preço mundial de alimentos é recorde

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Índice da ONU que monitora produtos como trigo e arroz supera pico de 2008 e atinge marca mais alta desde 1990

 

Os preços dos alimentos estabeleceram um recorde no mês passado, superando os níveis registrados durante a crise de 2007/2008, de acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação).
A organização informou que a alta não constitui uma crise. Mas Abdolreza Abbassian, economista sênior da FAO, reconhece que a situação é "alarmante" e que "seria tolo presumir que já tenhamos chegado ao pico".

 

O salto de preços reforça os temores de uma repetição da crise passada.
No entanto, até o momento os países pobres não viram repetição dos tumultos causados por escassez de alimentos que abalaram nações como Haiti e Bangladesh dois anos atrás.
O aumento nos custos dos alimentos também pode afetar os países desenvolvidos, com empresas como a rede McDonald's e a fabricante de alimentos Kraft elevando seus preços de varejo.

 

Os preços da comida também afetam a inflação geral, que está acima das metas dos bancos centrais europeus.
A FAO disse que seu índice de alimentos, que acompanha os preços de commodities como trigo, milho, arroz, oleaginosas, laticínios, açúcar e carne, subiu para 214,7 pontos em dezembro, alta de quase 4,2% ante novembro.
O índice está em sua marca mais alta desde que começou a ser calculado, em 1990. Na crise de 2007/2008, atingiu um pico de 213,5 pontos, em junho de 2008.

 

ARROZ E TRIGO

 

A FAO extrai algum conforto da relativa estabilidade nos preços do arroz -alimento básico de 3 bilhões de moradores de Ásia e África.
No entanto, o preço de outro alimento essencial, o trigo, está subindo rápido, devido às safras baixas.
"Arroz e trigo são, da perspectiva da segurança alimentar mundial, as commodities agrícolas críticas, e não açúcar, sementes oleaginosas ou carne", disse Abbassian.
Os custos cada vez mais altos do açúcar -cujo preço recentemente atingiu a mais alta marca em 30 anos-, das sementes oleaginosas e da carne são o motivo principal para a alta no índice da FAO.

 

A alta nos preços das commodities torna provável que o custo mundial das importações de alimentos atinja um recorde em 2011, depois de superar US$ 1 trilhão no ano passado pela segunda vez.
Em novembro, a FAO elevou sua projeção para 2010 a US$ 1,026 trilhão, quase 15% acima do total de 2009 e bem perto do recorde de US$ 1,031 trilhão estabelecido em 2008, durante a crise.

 

Os preços das commodities agrícolas dispararam depois de uma série de problemas de safra causados pelo clima desfavorável. A situação se agravou quando grandes produtores como Rússia e Ucrânia impuseram restrições às exportações.
A fraqueza do dólar, moeda usada no comércio da maioria das commodities, também contribuiu para os preços mais elevados.

 

Veículo: Folha de S.Paulo


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