Dívida de inadimplentes dobra em 5 anos

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Em SP, valor médio devido com atraso acima de dez dias passa a R$ 2.124, segundo Serviço de Proteção ao Crédito

 

Número de endividados recua, mas dívida total na cidade salta de R$ 9,44 bi em 2006 para R$ 17,34 bi em 2010

 

O valor da dívida dos paulistanos quase dobrou nos últimos cinco anos. Os consumidores que estão na lista de devedores do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), com atraso acima de dez dias, encerraram 2010 com débito médio de R$ 2.124,63. O valor é 98,92% maior do que o registrado em 2006, segundo estudo da Associação Comercial de São Paulo.

 

O professor do Insper Daniel Motta afirma que há um movimento de "consumo aspiracional", em que todas as faixas de renda querem comprar bens melhores e mais caros. "O crédito em expansão permite que isso ocorra. O problema é que o consumidor acaba fazendo dívidas com juros altos."

 

Apesar da alta nos valores, o estudo mostra ainda que o número de endividados foi o menor desde o início da série histórica feita pela ACSP, em 2006. Em 2010, o número de inscrições no SCPC foi de 8,16 milhões, enquanto em 2009 havia sido de 9,05 milhões.

 

"Há uma conjuntura favorável que contribuiu para um número menor de inadimplentes, que vai desde a queda do desemprego até a economia em expansão e a renda crescendo", diz Marcel Solimeo, economista da ACSP.

 

Entretanto, o valor total da dívidas desses consumidores cresceu significativamente no período -foi de R$ 9,44 bilhões, em 2006, para R$ 17,34 bilhões no ano passado. Isso mostra que, apesar de haver menos devedores, o volume do débito disparou.

 

Na opinião de Solimeo, a alta no valor não traz preocupações. "Está relacionada com o aumento da renda. A economia mudou de patamar." O rendimento médio nominal dos trabalhadores na região metropolitana de São Paulo cresceu 43,56% entre janeiro de 2006 e dezembro de 2010, segundo dados do IBGE.

 

Para o professor do Insper, a redução do número de inscritos está relacionada com o crescimento dos financiamentos no país. "Há uma abundância de crédito, o que faz com que o consumidor adquira novas dívidas para pagar aquelas que não tem condições de honrar naquele momento. Esse movimento pode ser perigoso a partir do momento em que as taxas de juros subirem."

 

O Banco Central aumentou em janeiro a taxa básica de juros (Selic) de 10,75% para 11,25% ao ano.

 

REGIÃO

 

A região de Pinheiros (que inclui Alto de Pinheiros, Jardim Paulista e Itaim Bibi), na zona oeste, foi a que teve a maior dívida per capita, de R$ 4.036,19. Já o menor valor foi registrado em São Miguel Paulista, Vila Jacuí e Jardim Helena, de R$ 1.583,21. O valor está relacionado com o perfil dos moradores.


 

Veículo: Folha de S.Paulo


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