Importado domina aumento no consumo

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Produtos vindos de fora eram 14% da venda de bens industriais no país em 2003, mas chegaram a 24% no ano passado

 

Quase 80% do crescimento no consumo de produtos industrializados ocorrido no Brasil no último trimestre de 2010 foi suprido por importações, segundo estudo do banco Credit Suisse.

 

A análise da instituição revela que a produção industrial doméstica tem perdido espaço para as importações em meio à crescente demanda de consumidores e empresas por bens, como máquinas, veículos e roupas.

 

"Enquanto a produção industrial tem desacelerado, a importação de bens industriais segue forte", diz Nilson Teixeira, economista-chefe do Credit Suisse no Brasil.
O cálculo da quantidade de bens industriais consumida no país feito pelo banco inclui tudo o que foi produzido localmente e importado. Do resultado dessa conta é descontada a parcela da produção que foi exportada e, portanto, consumida fora.
Segundo o Credit Suisse, o consumo de produtos industriais aumentou 6,9% no último trimestre do ano passado em relação ao mesmo período de 2009.

 

As importações responderam por 79,2% dessa expansão. A parcela é quase o dobro da contribuição de 40% feita pela produção local. Já as exportações subtraíram 19,2% desse aumento de consumo no período (veja quadro nesta página).

 

PESO CRESCENTE

 

Segundo o Credit Suisse, o peso dos produtos que vêm de fora no consumo doméstico tem crescido ao longo dos últimos anos.

 

Em 2003, produtos importados representavam 13,8% dos bens industriais consumidos no país. No ano passado, essa parcela havia saltado para 24%.

 

Essa perda de espaço da indústria local ocorreu porque, entre 2003 e 2010, os produtos importados responderam por quase metade de todo o crescimento do consumo interno de produtos industrializados, de acordo com o banco.

 

Em parte, esse aumento das importações é explicado pelo fato de que os produtos que vêm de fora têm ficado mais baratos para empresas e consumidores brasileiros. Isso ocorre por dois motivos.

 

Com forte valorização em anos recentes, o poder de compra do real em moeda estrangeira aumentou.

 

Além disso, com a crise global e a desaceleração econômica no mundo rico, os preços de produtos como máquinas e equipamentos produzidos nos países desenvolvidos caíram.
Mas, segundo Teixeira, além desses fatores, há mudanças estruturais que também têm contribuído para a explosão das importações.

 

A adoção de trâmites menos complicados nas transações de comércio exterior é uma das possíveis causas citadas por ele.
Ennio Crispino, presidente da Abimei (Associação Brasileira dos Importadores de


Máquinas e Equipamentos Industriais), concorda com o diagnóstico de Teixeira.
"A informatização dos trâmites para importação e exportação diminuiu muito a burocracia. Isso beneficia tanto o grande importador como a pequena empresa que quer importar."

 

Crispino acrescenta que os fabricantes domésticos de bens de capital "não têm conseguido atender a demanda de empresas tanto em termos de volume, como de tecnologia".
"Há setores da indústria nacional que não têm escala para produzir bens mais avançados do ponto de vista tecnológico e a demanda por esses bens tem crescido. A saída encontrada pelos fornecedores tem sido importar", afirma Crispino.

 

Veículo: Folha de S.Paulo


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