Arroz, feijão e carne. Os principais itens do prato básico na mesa do brasileiro estão na lista das maiores quedas de preço no primeiro bimestre deste ano na Região Metropolitana de São Paulo em relação ao fim do ano passado. O feijão carioca foi o responsável pelo maior alívio ao bolso do consumidor com recuo de 25,47%. Já o arroz ficou 3,28% mais barato. No caso da carne bovina, o patinho foi o corte com a maior queda: 6,2%.
No total, 27 alimentos apresentaram queda de preços segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A inflação geral foi de 1,88% no período.
A variação dos preços dos alimentos está relacionada à safra e ao fator climático, basicamente. O feijão carioca, por exemplo, chegou a subir quase 30% em outubro do ano passado. E só no começo de 2011 já caiu 25,47%. “O feijão regularizou sua safra e a entrada do produto no mercado fez o preço cair”, explica o diretor de economia da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Martinho Paiva Moreira.
Depois de registrar grandes altas no final do ano passado, a carne também apresentou queda de preços em 2011. O cenário é reflexo do clima que favorece a redução dos custos da produção do gado e, consequente, queda no preço final. Mas na percepção do consumidor, o preço da carne ainda está em patamares altos.
É o que afirma a dona de casa Nadir Romio Lupozelli, 64 anos. “Não deixei de consumir carne bovina, mas substitui cortes como o filé mignon e contra filé e passei a comer mais carne moída”, conta. Para “driblar” a alta no supermercado, ela também trocou marcas mais tradicionais por outras com preços mais em conta.
Já a aposentada Maria Conceição Castro Bolani, 64 anos, optou por consumir mais frango, legumes e verduras devido aos preços da carne bovina. “Faço pesquisa em vários supermercados e vou sempre no fim da feira para conseguir preços mais baixos, mas de boa qualidade”, explica.
Na avaliação do diretor da Apas, o preço da carne vai continuar estável até o final de abril e retomar a trajetória de alta em junho, com a chegada do inverno.
Pesquisa
“Apesar dessas quedas, os alimentos não estão baratos de uma maneira geral. Por isso, o consumidor deve pesquisar bastante e usar a criatividade na cozinha”, aconselha o professor de macroeconomia e cenários econômicos da Fipecafi, Silvio Paixão.
Na hora de ir ao supermercado, o professor aconselha a usar uma lista de compras separada em três categorias: necessários, desejáveis e produtos não essenciais. Outras dicas são: não levar crianças na hora da compra e sempre conferir se o preço da gôndola é o mesmo na leitura do caixa. “É uma forma de se precaver de uma possível diferença de preços.”
De acordo com Ione Amorim, economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), para gerenciar melhor a parcela do salário destinada às compras nos supermercados é preciso um pouco de paciência para driblar os preços nos supermercados, disposição, organização e planejamento.
Veículo: Jornal da Tarde - SP