Com inflação em alta e as ações do governo para enfrentá-la - aumento da taxa básica de juros e adoção de medidas de restrições ao crédito -, as empresas de varejo tendem a ter algum impacto em suas atividades. Nesse cenário, analistas apontam que as companhias menos dependentes de financiamento devem ser menos afetadas e, por isso, estão entre as preferências para investimento, revela reportagem de Lucianne Carneiro, publicada na edição desta segunda-feira do GLOBO.
Na lista de recomendações de compra das corretoras, aparecem ações de Lojas Renner, Pão de Açúcar, Natura, Lojas Americanas, Lojas Hering e Droga Raia. O investimento no setor continua interessante, dizem especialistas, mas agora exige uma seleção mais cuidadosa.
- No atual cenário, as empresas de varejo menos dependentes de crédito que as demais acabam mais beneficiadas - explica a gerente da equipe de pesquisa da BB Investimentos, Marianna Waltz.
O analista de varejo da SLW Corretora, Cauê Pinheiro, afirma que a tentativa do governo de segurar a inflação tende a frear o consumo de produtos que dependem mais de financiamento.
- A desaceleração na expansão das vendas deve ser maior naqueles produtos que dependem mais do crédito, como eletroeletrônicos - diz Pinheiro.
Por causa do momento atual, as escolhas de recomendação da BB Investimentos recaem sobre Natura e Lojas Renner. No caso da primeira, quase a totalidade das vendas é à vista. Na Renner, há vendas a prazo, mas em menor intensidade que suas concorrentes.
Outro fator a favor de Natura e Renner, segundo Marianna, é a marca forte.
- Companhias com marcas fortes, seja em vestuário ou cosméticos, têm mais facilidade para gerenciar seu mix de preços - diz a analista.
A aquisição recente da rede Camicado - do segmento de casa e decoração - também foi apontada por analistas como um fator que tende a impulsionar o resultado da Renner. A estratégia de abertura de lojas de rua - mais compactas que as dos shopping centers - também é vista com bons olhos, já que amplia o potencial de cidades em que a rede pode atuar.
Uma das divergências entre os analistas são os papéis da Lojas Americanas. Enquanto alguns recomendam a compra por causa dos resultados recentes e a agressividade na abertura de novas, o desempenho da B2W - que sofre com a concorrência no varejo eletrônico - acaba tendo impacto negativo nos papéis da varejista.
A Ágora Corretora, por exemplo, manteve a recomendação de compra para Lojas Americanas PN na semana passada, mas reduziu as estimativas. Já BB Investimentos, Ativa Corretora e SLW Corretora não aconselham a compra do papel.
Veículo: O Globo