Passados cinco meses do início do ano, os brasileiros já pagaram R$ 600 bilhões em impostos. Isso significa que, por pessoa, já foram destinados R$ 3.145 aos cofres públicos municipais, estaduais e federal.
"Se continuar assim, chegaremos ao fim do ano com R$ 7.000 pagos em tributos por pessoa", avalia o presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, João Elói Olenike.
Em 2010, essa marca foi registrada apenas em 24 de junho, ou seja, 25 dias depois. Em 2009, o montante foi alcançado apenas em 28 de julho, quase dois meses à frente.
Esses dados são mensurados pelo Impostômetro, ferramenta criada em parceria entre o IBPT e a Associação Comercial de São Paulo. O painel, com os números, fica exposto no centro de São Paulo.
Na avaliação do economista-chefe da ACSP, Marcel Solimeo, esse crescimento desenfreado se explica por uma série de fatores. Um deles é a inflação, que faz com que tudo fique mais caro e, portanto, eleva a arrecadação. Outro, é a expansão da economia, que mesmo com as medidas do governo federal em conter o consumo e a facilidade de acesso ao crédito, somado à altas dos juros, não deixou de expandir, as pessoas ainda continuam comprando bastante. Além disso, o real valorizado favorece a importação, que tem alta carga de impostos. E, ao mesmo tempo, temos o aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras, que incide sobre a entrada de dinheiro estrangeiro e nas compras feitas no Exterior com cartões de crédito.
"Por isso, a arrecadação cresce muito mais do que a economia. Para este ano, espera-se que o PIB (Produto Interno Bruto) aumente em 4,5%, enquanto que o recolhimento de impostos deve se elevar em até 15%, acima da inflação e do PIB", diz Solimeo.
O presidente do IBPT complementa que, com a máquina da fiscalização ficando mais apurada, a informalidade diminui e, por outro lado, o recolhimento de tributos aumenta.
"O problema não está no volume arrecadado, mas em como esse dinheiro é aplicado. O governo gasta muito e gasta mal. Não precisa de tanta gente trabalhando para ele, o quadro do funcionalismo público é enorme. Se o governo fosse uma empresa, estaria falido há muito tempo. Quando um empresário passa por dificuldades, a primeira coisa que faz é reduzir a folha de pagamento e não aumentá-la", aponta Olenike.
Solimeo complementa, dizendo que, na realidade, esses recursos deveriam ser aplicados em Saúde, Educação e infraestrutura. Mas não é o que vemos. Tampouco usufruímos.
Veículo: Diário do Grande ABC