A queda nos preços dos alimentos e a retração do álcool combustível foram os responsáveis pela terceira semana seguida de desaceleração da inflação na cidade de São Paulo. Mas um novo foco de alta de preços deve voltar a afetar a inflação nos próximos meses: os reajustes salariais de categorias importantes, como bancários, metalúrgicos e petroquímicos, por exemplo.
"O novo inimigo da inflação daqui para frente é a indexação dos salários de categorias importantes, que têm dissídios programados para o segundo semestre", alerta o coordenador do IPC-Fipe, Antonio Comune.
Segundo ele, o governo é o responsável por boa parte dessa indexação salarial.
Ao estabelecer a regra de reajuste do salário mínimo, que prevê a variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores, acrescido da inflação do último ano, o governo já sinalizou um reajuste de 14% do salário mínimo para o ano que vem. Além disso, esses reajustes estarão sendo negociados em meados de setembro, quando a inflação acumulada em 12 meses vai estar perto de 7%. "Os trabalhadores vendo um reajuste de 14% do salário mínimo em 2011 e uma inflação de 7%, vão pleitear aumentos robustos de salário", prevê Comune. Segundo ele, esse será um ponto crucial da inflação no segundo semestre. "Só a negociação pode desarmar a indexação salarial", diz ele. Isso significa que o quadro de calmaria da inflação deve volta a ficar turbulento.
Enquanto isso, os grupos alimentação e transportes foram responsáveis pela trégua na inflação na cidade de São Paulo. Na terceira quadrissemana deste mês, Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe) subiu 0,47%, resultado 0,09 ponto porcentual menor em relação a quadrissemana anterior e bem abaixo do mesmo período do mês passado (0,65%).
"O resultado da terceira quadrissemana veio dentro do esperado", diz Comune. Ele reviu para baixo a projeção da inflação para este mês, de 0,40% para 0,37%. Ele acredita que os alimentos e o etanol continuarão contribuindo para reduzir o IPC na próxima semana.
O etanol encabeçou a lista das maiores quedas de preço registradas no período. Na terceira quadrissemana deste mês, o preço do produto caiu 8,52% e o motivo foi a safra de cana. A relação entre o preço do álcool e da gasolina atingiu 63,38%, a menor desde outubro de 2010.
Alívio
-8,52% foi a queda do preço do álcool combustível
66,38% é a relação entre preços do etanol e gasolina
Veículo: O Estado de S.Paulo