País coleciona natimortos entre pequenas e microempresas

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O Brasil, que assiste à escalada das grandes redes de varejo, ainda não se deu conta de que o avanço desses conglomerados implica, necessariamente, o abate do pequeno comércio.

 

A conta é simples. Dos 5.565 municípios, o que se considera grande varejo está presente, hoje, em talvez 500 dessas localidades.
Em todo o restante do país, a ligação entre a produção e o consumo é feita por micro e pequenas empresas.

 

É um número consistente, mas que pode até se inverter caso prevaleça o modelo de política tributária que privilegia os grandes e dificulta a sobrevivência dos pequenos.

 

No cenário atual, nos Estados que adotam a substituição tributária, recolhe-se do comerciante o tributo referente à venda do produto ainda no momento da compra com o fornecedor.

 

Para esses empresários, a substituição tributária praticamente anula as conquistas com o Simples Nacional, deixando-os sem fluxo de caixa para girar o estoque ou para honrar os salários de funcionários formais.

 

O efeito disso é uma azeda jabuticaba brasileira, que permite casos como o de um pequeno comerciante dono de papelaria que, mesmo tendo apenas dois funcionários, é obrigado a faturar acima de R$ 35 mil por mês para, pelo menos, manter funcionando o seu negócio.

 

Exemplos de natimortos no mundo das MPEs não faltam no Brasil.

 

Em sua maioria, em razão dos altos custos com fornecedores e prestadores de serviço, como empresas que administram bandeiras de cartões de crédito, que chegam a cobrar entre 30% e 40% a mais das MPES em relação aos preços praticados com as grandes redes.

 

O que está em jogo não são o salário e a renda de alguns poucos empresários, mas qual modelo de negócio queremos ter no médio e no longo prazos.
Se um modelo que se baseia na capilaridade e na diversidade de atuação, na empresa familiar, ou no modelo de concentração de mercado, no fortalecimento de corporações varejistas, a exemplo do que acontece hoje com o mercado americano, onde grandes corporações representam a maioria do varejo.(ROQUE PELLIZZARO JUNIOR é presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).)

 

Veículo: Folha de S.Paulo


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