Em abril, varejo teve o pior resultado em 12 meses e foi prejudicado por setores em que os preços subiram mais
O comércio varejista já sente os reflexos da inflação mais alta nos últimos meses -que encareceu especialmente alimentos e combustíveis-, das medidas do governo para segurar o crédito e da elevação dos juros.
Diante desses efeitos, as vendas do varejo caíram 0,2% de março para abril -o primeiro recuo desde abril de 2010, segundo o IBGE.
A alta da inflação comprometeu o orçamento das famílias, o que as levou a reduzir as compras de produtos que lideram reajustes nos últimos meses. O resultado foi redução nas vendas de combustíveis, vestuário, calçados e produtos de supermercados e lojas de alimentos.
"O fantasma da inflação pode estar inibindo o consumo", disse Reinaldo Pereira, economista do IBGE.
Para ele, é possível que as medidas do Banco Central para conter a expansão do crédito e o aumento dos juros também tenham contaminado o desempenho das vendas em abril. O objetivo das iniciativas é justamente inibir o consumo e, com isso, debelar os aumentos de preços.
Para Carlos Thadeu de Freitas, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio), a inflação "salgada" foi preponderante para a redução das vendas e comprometeu principalmente o comércio de supermercados.
Se a inflação freou as vendas de alguns setores, a queda do dólar barateou importados. E turbinou o comércio de móveis, eletrodomésticos, perfumaria e o farmacêutico, com componentes vindos do exterior, cujos preços subiram menos que inflação.
Dados de maio da FGV (Fundação Getúlio Vargas) apontam menor confiança de consumidores e empresários. De janeiro a abril, as vendas do comércio sobem 7,6%, acima da produção industrial, que cresce 1,6%.
Veículo: Folha de S.Paulo