Os grandes aumentos do preço dos alimentos são desastrosos para as pessoas que vivem na pobreza nos países em desenvolvimento, as quais gastam até três quartos de sua renda com alimentos básicos", afirma um relatório da ONG britânica Oxfam.
Segundo o documento, "para essas famílias, mesmo pequenos aumentos de preço representam grande pressão nas finanças da família e as forçam a reduzir os gastos com educação e saúde".
Para reduzir o risco de insegurança alimentar em países em desenvolvimento, a organização sugere a formação de estoques de alimentos, principalmente nas nações que dependem da importação de comida.
As avaliações fazem parte de informe sobre os riscos de instabilidade no mercado de alimentos, ainda sob o efeito da crise financeira internacional de 2008, lançado na última sexta-feira.
Assim, as reservas de alimentos seriam uma estratégia para limitar o risco de inflação dos produtos e garantir a segurança alimentar das populações mais vulneráveis de um país.
Outro argumento levantado pela ONG é que, entre 2007 e 2008, 150 milhões de pessoas entraram para o grupo dos que passam fome. Contudo, o número já chega a um bilhão em todo o mundo. Com a volatilidade dos preços de alimentos, esse contingente pode ser elevado.
O G-20 (grupo formado pelas 20 maiores economias do mundo) considera a medida cara e ineficaz e argumenta que as iniciativas de mercado são mais eficientes para conter o preço dos alimentos e aumentar a segurança alimentar nos países em desenvolvimento. Porém, segundo a Oxfam, os custos de não ter reservas seriam maiores e teriam graves consequências sociais.
Entre as recomendações para formação e manutenção de estoques, a ONG indica a adoção de regras claras para as intervenções públicas, bem como a garantia de governança compartilhada, com a participação de organizações de produtores rurais, do setor privado e da sociedade. Outra estratégia é a compra pública de alimentos de pequenos produtores, como ocorre no Brasil, por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Veículo: DCI