Importados tiram mercado das pequenas empresas

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Está se tornando repetitivo, mas estamos perdendo empregos para a China e países periféricos, por onde entram os produtos fabricados lá e enviados para a vizinhança. Escapam, assim, das medidas restritivas, poucas, tímidas e desorganizadas, impostas pelo Brasil. Somos frouxos e a Rússia provou isso, barrando a carne suína. Os entes públicos são lentos, burocráticos, demorados, não funcionam nos finais de semana, feriados e outras datas de pouca simbologia. Estamos perdendo espaço. Mesmo que o saldo da balança comercial continue positivo, isso se deve ao alto valor das commodities no mercado internacional, algo que não vai durar além de 2011, no máximo. O alerta está confirmado em pesquisa do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi-SP), o qual mostra que 45% das indústrias com até 50 funcionários afirmam ter perdido mercado por conta dos produtos importados. Além disso, 75% das companhias pesquisadas consideram a concorrência com os importados desleal por conta dos baixos preços dos produtos comprados no exterior e do custo tributário no Brasil.

 

A consequência é que 90% dos pesquisados defendem mecanismos para fortalecer o mercado interno. Sessenta e dois por cento das indústrias pesquisadas consideram a concorrência desleal por conta dos preços mais baixos dos produtos estrangeiros. A carga tributária alta no Brasil foi citada por 47%. Outros 17% afirmaram que os estrangeiros utilizam mão de obra mais barata; 12% acreditam que esses produtos possuem qualidade inferior e preço menor; 4% avaliam que os importados são melhores que os produtos nacionais, enquanto 3% apontaram o câmbio como responsável pelos preços mais baixos dos importados. As importações afetam as micro e pequenas indústrias de calçados, vestuário e móveis, mas, hoje, ninguém escapa do problema. Os problemas da invasão de importados são graves devido à dependência das micro e pequenas do mercado interno. Ao mesmo tempo, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) chegou a 57,9 pontos em junho, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), uma ligeira melhora de 0,4 pontos em relação a maio deste ano, mas ainda 8,1 pontos abaixo do patamar verificado em junho de 2010. De acordo com a CNI, dos 26 setores da indústria analisados, 24 relataram uma piora na percepção do andamento da economia.

 

As medidas defendidas pelos empresários para proteger a Indústria apontam que 63% querem a diminuição da carga tributária para o produto nacional e 9% querem impostos mais altos exclusivos para os importados. Já 9% dos consultados veem o aumento de crédito para as micro e pequenas indústrias como saída, enquanto 8% defendem a queda dos juros. Outros 7% reivindicam barreiras aos produtos estrangeiros e 5% acreditam que o melhor é investir em qualificação de mão de obra nacional. Outros 3% defendem um câmbio mais flexível. É claro que não se quer medidas protecionistas, mas temos um falta de competitividade por conta de outros fatores, como a questão tributária, o câmbio desvalorizado e a legislação trabalhista e ambiental que as indústrias de outros países não têm a necessidade de seguir. Aí fica complicado. Como todo o mundo empresarial do País sabe desde alguns anos.

 


Veículo: Jornal do Comércio - RS


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