A inadimplência no varejo brasileiro recuou 10,09% em junho ante maio, conforme dados divulgados ontem pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Na comparação com junho do ano passado, porém, houve um incremento de 6,9% do número de registros no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
A queda de maio para junho refletiu, segundo a CNDL, maior disposição dos consumidores em quitar suas dívidas e maior cuidado em planejar suas compras, em função do Dia dos Namorados. Além disso, a entidade ressalta que a liberação do primeiro lote de restituição do Imposto de Renda (IR) injetou R$ 1,9 bilhão na economia, contribuindo para que o consumidor mantivesse o orçamento em dia.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a alta da inadimplência foi justificada pelo ciclo de aperto monetário, que estaria exercendo pressão negativa no custo de crédito.
De acordo com o presidente da entidade, Roque Pellizzaro Júnior, o calote ainda é preocupante, embora a recuperação de crédito mostre número favorável. "Isso porque são indicadores que têm bases de comparação diferentes". Os comerciantes estão preocupados com a capacidade de endividamento do consumidor brasileiro que, de acordo com o Banco Central, passa de 23% sobre o seu rendimento, segundo o dirigente lojista.
"Quando essa margem passa de 20%, já se acende a luz amarela", disse Pelizzaro. Ele explicou que "a inadimplência significa menos gente comprando, por isso o comércio prefere que o consumidor seja criterioso na hora de comprar, só assumindo compromissos que possa cumprir". Na sua opinião, o aumento da inadimplência indica "o atendimento de uma demanda reprimida, com a ânsia de melhora de vida pelas áclasses sociais".
Para o presidente da CNDL, "os juros reais que estão sendo pagos na economia, em alta exagerada, desestimulam o investimentos no setor produtivo, pressionando os preços e a oferta de empregos".
Veículo: Diário do Comércio - MG