Cresce parcelamento no cartão

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Ritmo de crescimento das compras financiadas é maior que das compras à vista no plástico

 

Dividir as compras em várias prestações no cartão de crédito tem sido a forma de pagamento escolhida por muitos consumidores nos primeiros seis meses deste ano. Apesar da menor representatividade, as transações parceladas cresceram em um ritmo maior, 19,89% (de 289,2 milhões para 346,8 milhões), do que as feitas à vista, que subiram 16,26% (de 1,2 bilhão para 1,4 bilhão) no período de janeiro a julho deste ano em comparação com igual período do ano passado. Os dados são da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs).

 

Isso porque os preços dos produtos e serviços aumentaram e o consumidor continuou com as suas obrigações, como gastos com alimentação, transporte, moradia, educação, e consequentemente, sobrou menos dinheiro para comprar outras coisas, o que aumentou a necessidade pelo crédito. Mas a Abecs não espera alteração para o gasto médio parcelado no cartão em julho (o dado ainda não foi consolidado), que deve continuar em R$ 274, o mesmo valor de julho de 2010. Para a Abecs, o avanço das compras parceladas é uma tendência, principalmente por conta das classes C, D e E. Segundo a associação, o mercado já percebeu o potencial desses consumidores, justamente os que pretendem usar o financiamento.

 

Para o vice-presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-SP) e professor do Insper, José Dutra Vieira Sobrinho, o consumidor deve tentar pagar integralmente a fatura para não cair nos altos juros da modalidade, cuja taxa média é de 10% ao mês.

 

Caso a pessoa pague só 15% de uma fatura de R$ 1 mil, o saldo para o próximo mês será de R$ 850 mais os juros, que somam R$ 85. "É preciso organização e cuidado com os prazos longos. Pode ter um mês que você não comprou nada, mas a fatura vai mostrar parcelas de produtos comprados anteriormente", diz Sobrinho.

 

A dica é, sempre que possível, pagar à vista e pedir desconto. Nas lojas dos shopping centers é mais difícil conseguir abatimentos. Por outro lado, nas compras de eletroeletrônicos e no comércio de rua, o desconto pode ser negociado, explica Dutra. Pela internet, o pagamento via boleto bancário oferece desconto de 5%.

 

A compra com cartão faz parte da rotina de muitos brasileiros. É o caso do gráfico Carlos Eduardo Gomes, de 42 anos, que tem oito cartões de crédito. "Antigamente, você ia comprar com dinheiro e conseguia um bom desconto. Hoje, o pagamento à vista só dá 5% de desconto", reclama Gomes, que consegue pagar o valor integral de todas as faturas e só divide compras de valores altos.

 

A promotora de vendas Jamile Alana Lima, de 20 anos, também prefere o plástico. "Só parcelo valores maiores, como no caso dos meus dois notebooks e faço, no máximo, cinco prestações."

 

Cansado de pagar juros, o administrador Diego Lima, de 23 anos, decidiu se desfazer do par de cartões que usava para comprar roupas, calçados e abastecer o carro. "Usei até a semana passada, mas quebrei os dois porque pagava juros demais. Não tinha dinheiro para fazer nada, nem para sair."

 

Veículo: Jornal da Tarde - SP


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