A pesquisa de nível de atividade e de expectativa da indústria fluminense de agosto, feita pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), revelou que os empresários estão otimistas quanto ao desempenho da produção no segundo semestre deste ano, apesar de um terço deles ter declarado desaceleração no ritmo produtivo no primeiro semestre.
Ainda assim, o IBGE constatou que a indústria de transformação fluminense cresceu no período quase o triplo da média nacional (4,9% ante 1,7%), levando a diretora de Desenvolvimento Econômico da Firjan, Luciana de Sá, a prever que o Rio de Janeiro vai liderar o crescimento da economia brasileiro este ano.
O trabalho, que entrevistou entre 21 de julho e 5 de agosto 333 empresas de todos os portes, responsáveis por 77. 094 empregos diretos, constatou que 70,6% dos empresários esperam acelerar a produção neste semestre em relação ao período de janeiro a junho e que 65,9% acreditam que fecharão 2011 com produção maior do que em 2010. No construção civil a expectativa favorável alcançou 68,1% das empresas. "O otimismo está além da sazonalidade", disse Luciana a propósito da tendência normal de aumento da produção no segundo semestre para atender a demanda de fim de ano.
Devido à expectativa de produzir mais, 38,7% das empresas responderam que aumentarão seus quadros de pessoal neste semestre e 55% disseram que vão manter suas equipes atuais. Apenas 6,3% responderam que pretendem demitir. No primeiro semestre do ano, 36,3% das empresas aumentaram seus quadros de pessoal, registrando desaceleração no ritmo de admissões em comparação ao aumento de 42% do pessoal no primeiro semestre de 2010. Essa desaceleração, para a Firjan, é compatível com o fato de que 33,9% dos entrevistados disseram que o aumento da produção de janeiro a junho foi abaixo do esperado.
Em nota técnica anexa à pesquisa de nível de atividade, a Diretoria de Desenvolvimento Econômico da Firjan concluiu, a partir da análise dos números do primeiro semestre, que está havendo "um processo de descolamento" do crescimento industrial fluminense em relação ao restante do país.
Uma parcela desse salto da indústria do Rio está sendo atribuída pelos técnicos da Firjan ao setor automobilístico, cuja produção aumentou 15,1% de janeiro a junho no Estado, ante 6,2% no conjunto do país. Para a equipe de analistas da entidade, esse desempenho da indústria impulsionou o crescimento de setores correlatos, como o de borracha e plástico (15,7%, ante 1,4% da média nacional) e o de refino de petróleo (8,4%, ante 2% da média).
O diretor industrial para a América Latina da PSA Peugeot Citroën, Tarcísio Telles, disse que a empresa vem sucessivamente ampliando a produção desde que inaugurou em 2001 sua fábrica em Porto Real, no Sul do Rio de Janeiro. Segundo ele, em 2004 a empresa produzia 18 veículos por hora e trabalhava em apenas um turno. Em 2005 ela passou a produzir 22 carros por hora e dobrou o turno.
Hoje a fábrica de automóveis da PSA opera em três turnos, a um ritmo de 29 veículos por hora. Para 2011 a expectativa da empresa é fechar o ano com uma produção total de 150 mil automóveis, com aumento de 11,4% em relação a 2010, com índice de nacionalização de 80%, incluindo motores, suspensão e câmbio. A fábrica de motores fechará 2011 com 240 mil unidades produzidas (220 mil no ano passado).
Ainda segundo Telles, o cinturão de fornecedores em torno da fábrica conta com seis empresas e há várias outras em fase de negociação para se instalar na região. A PSA acaba de comprar um terreno de 600 mil metros quadrados para abrigar novas fornecedoras.
A atração de novas empresas somada aos investimentos em infraestrutura relacionados com a Copa do Mundo de futebol de 2014 e com os Jogos Olímpicos de 2016, mais os investimentos previstos para o setor de petróleo e gás, leva os analistas da Firjan a prever durabilidade nessa aumento acelerado da produção industrial fluminense.
A esses fatores, Luciana de Sá acrescenta a elevação do salário médio da indústria do Estado, rivalizando com a média da indústria de São Paulo. A diretora da Firjan alerta que os investimentos em infraestrutura são essenciais para a continuidade do crescimento e reclama uma adequação dos padrões fiscais, não só no Rio de Janeiro, para que o excesso de gastos correntes não siga atrapalhando os investimentos públicos.
Veículo: Valor Econômico