Economistas descartam corte imediato do juro

Leia em 2min 30s

Para analistas, País sofre com pressões inflacionárias e crise só deve ter impacto nos preços entre o fim de setembro e o início de outubro

 

Foi uma boa tentativa, mas a elevação da meta de resultado das contas públicas em R$ 10 bilhões não será suficiente para convencer o Banco Central (BC) a cortar a taxa de juros na reunião que começa hoje e termina amanhã do Comitê de Política Monetária (Copom). Essa é a avaliação dos economistas José Francisco de Lima Gonçalves, do Banco Fator, e Fernando Montero, da Corretora Convenção.

 

Segundo ambos, ainda há dúvidas sobre o comportamento dos preços. É uma visão distinta dos operadores de mercado, que não descartam um corte na taxa Selic hoje. "A inflação brasileira tem componentes, como serviços e mercado de trabalho, que não vão despencar por causa da recessão nos Estados Unidos e na Europa", disse Gonçalves.

 

O reajuste de 10% dos metalúrgicos do ABC é um exemplo de pressão inflacionária, comentou Montero. Salários em alta alimentam o consumo e impedem a queda nos preços, sobretudo em serviços, que não têm concorrência com importados.

 

Essa avaliação não conta com o apoio dos sindicalistas que, aliás, reclamaram dela na reunião com a presidente Dilma Rousseff. "O Banco Central tem de parar com essa tese que salário é inflacionário", disse o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho.

 

Ele contou que, além do ABC, os metalúrgicos deverão ter reajustes fortes no Paraná. Lá, segundo relatou, está em negociação o pagamento de R$ 60 mil para cada empregado a título de participação nos lucros. O valor será parcelado em três anos.

 

Eleições. Há dúvidas também sobre o comportamento das contas públicas no ano eleitoral de 2012. O governo já tem contratadas despesas elevadas, como o aumento do salário mínimo, que custará R$ 23 bilhões, e o pagamento de precatórios, que consumirá perto de R$ 7 bilhões.

 

Estão em curso, ainda, negociações com os servidores para novos reajustes. Esses fatores também impulsionam o consumo e, com isso, a inflação.

 

Em algumas semanas, porém, o esfriamento da economia decorrente da crise se refletirá nos índices de preços e, aí sim, o BC terá espaço para cortar os juros. "Na quarta semana de setembro e meados de outubro, teremos índices mais baixos", aposta Gonçalves. O Copom volta a se reunir em 18 e 19 de outubro.

 

A despeito das desconfianças dos economistas, Paulinho disse ter saído da reunião com Dilma com a impressão de que ela espera um corte imediato."Ela falou para esperarmos "as medidas" e só discutiu uma. Acho que a outra é o corte nos juros", disse. Ele prometeu fazer uma manifestação em frente ao BC. "Ela riu."

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


Veja também

Produção de alimentos no campo é a próxima área de atuação do PAS

Em operação desde 1998, o programa de Alimentos Seguros (PAS) planeja sua expansão. Formatado para ...

Veja mais
Maioria das empresas no Brasil gasta mais de 20% com tributos

O custo financeiro das obrigações tributárias ainda é considerado muito alto por grande part...

Veja mais
Cenário passa a ser benigno para queda de juros, diz Mantega

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, aproveitou o anúncio da expansão do superávit primário...

Veja mais
Indústria do Rio cresce quase o triplo da média

A pesquisa de nível de atividade e de expectativa da indústria fluminense de agosto, feita pela Federa&cce...

Veja mais
Inflação justifica pesquisa de preços

Diferença anual em cesta de 104 produtos líderes de vendas pode alcançar até R$ 1.944 em alg...

Veja mais
Governo anuncia medidas de aperto fiscal

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anuncia hoje medidas de contenção fiscal para dar suporte ao Or&cced...

Veja mais
Indústria perde fôlego, mas varejo segue forte

A economia brasileira dá sinais de desaceleração neste ano, mas o movimento está longe de se...

Veja mais
Renda sobe e pressiona consumo

Apesar dos sinais de desaquecimento do mercado de trabalho, os salários continuam em alta, o que dificulta o cont...

Veja mais
Faturamento real do varejo deve subir 6,9% em agosto, de acordo com IDV

Apesar dos indícios de desaceleração da indústria brasileira, devido aos altos estoques vist...

Veja mais