Responsáveis pelo consumo de 4% dos alimentos exportados pelo mundo, os países árabes são a nova aposta do Brasil para incrementar a receita das vendas externas a partir de 2009. No total, os países do oriente médio movimentaram US$ 29,8 bilhões com receitas para importações em 2007, de acordo com estudo feito pela Agência Brasileira de Promoção de Exportação do Brasil (Apex-Brasil), fornecido com exclusividade para a Gazeta Mercantil. O objetivo da nova ação é ampliar a perspectiva em torno dos produtos fornecidos pelo País, oferecendo opções mais elaboradas e sofisticadas, que possuem maior valor agregado. Impulsionados pela receita com petróleo, alguns países possuem incremento no PIB (Produto Interno Bruto) acima dos dois dígitos, como é o caso do Catar, cuja economia cresceu 15,9% em 2007. O poder aquisitivo das famílias acompanha essa evolução e aumentam a busca por produtos com maior valor agregado. "O mundo todo conhece o potencial da indústria de alimentos brasileira, mas ainda falta informação quanto à qualidade e sofisticação", explica Juarez Leal, coordenador de imagem e acesso a mercados da Apex. O coordenador ressalta que o país já possui grande simpatia nessas regiões, o que favorece o consumo dos produtos.
Leal revela que, no próximo dia 6, serão realizadas palestras para tirar dúvidas das empresas interessadas em participar da promoção. "Será abordada a questão sobre a certificação Halal, necessária para o mercado muçulmano". O estudo dividiu os países que pertencem ao GCC (Conselho de Cooperação do Golfo, sigla em inglês), uma união aduaneira com uma única tarifa composta pelos Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Kuwait, Catar, Omã, Bahrein. Os demais países são formados pelo Iêmen, Egito, Jordânia, Síria, Irã, Líbano. Esses países movimentaram US$ 29,8 bilhões no ano passado. Desse total, o Brasil participou com US$ 4,7 bilhões ou 16% do montante.
O levantamento aponta grandes oportunidades nos setores de frutas (sucos e produtos frescos), café, chás e lácteos - principalmente leite em pó e manteiga. Segundo a Apex, a exportação brasileira de suco para os árabes do GCC cresceu uma média anual de 126% entre 2002 e 2007, sendo um dos que possuem grande potencial de aumento de participação brasileira. Nos demais países, o crescimento anual foi de 114% no mesmo período. Rodrigo Cota, analista da unidade de inteligência comercial da agência, explica que o mercado ocupado fora do GCC atinge 1% do total. "São países que consomem muito suco de abacaxi, enquanto a exportação brasileira fica muito focada no suco de laranja", revela. Segundo o analista, no outro mercado a participação do País atinge 8% do total. "É um mercado muito promissor", completa.
Moacyr Saraiva Fernandes, presidente do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), explica que por se tratar de países com temperaturas altas, o consumo de suco e de frutas possuem uma demanda expressiva. "Além disso, o governo desses países estão preocupados com os altos índices de obesidade´", explica. Ele destaca a importância nutricional que os sucos possuem, que proporcionam melhor opção em relação ao refrigerante. Cota acrescenta que a castanha de caju e a maçã são os "carros chefe" das vendas.
O analista da agência destaca o café como um produto tradicionalmente brasileiro consumido pelos árabes. No GCC, o market share do Brasil é de apenas 9%. "Descobrimos que é um mercado que pede produtos finalizados, moídos e com embalagem definida. Mesmo assim, o País ocupa a terceira colocação, perdendo para Índia, Espanha e Inglaterra", explica Cota. Nos demais países, o café ocupa um mercado de 57%, que registrou um crescimento médio de 31% nas exportações brasileiras entre 2002 e 2007. Cota explica que os setores de ovinos e caprinos possuem boa perspectiva. "São muitas oportunidades para grandes negócios".
Veículo: Gazeta Mercantil