Novo plano procura estimular plantio de seringueiras no PR

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O governo do Paraná está preparando um plano para estimular o cultivo de seringueiras nas regiões norte e noroeste do Estado. O objetivo é aproveitar o bom momento desse mercado e incrementar a renda da agricultura familiar. O trabalho será feito em parceria com órgãos do governo, produtores e cooperativas, como a Cocamar, de Maringá. A intenção é aumentar dos atuais 800 para cerca de 10 mil hectares a área de cultivada no prazo de dez anos, o que poderá viabilizar o investimento em indústria de processamento local de borracha, porque hoje a produção é vendida para empresas instaladas no interior de São Paulo.

 

A expansão da heveicultura, como é chamada a cultura da seringueira, pode até ajudar na recuperação de áreas de reserva legal, porque uma resolução da Secretaria do Meio Ambiente do Paraná permite o uso da árvore por um ciclo econômico em conjunto com cinco espécies nativas do Estado. "A recuperação da reserva legal precisa ser feita até 2018 e, pelo Código Florestal, é permitido o uso provisório de espécies exóticas", explica o chefe da divisão de cultivo florestal da secretaria estadual da Agricultura, Renato Viana Gonçalves. 

 

Segundo ele, independentemente do plantio em reserva legal, a seringueira é uma cultura viável no Estado. Mas a intenção também não é substituir outros produtos, como grãos e cana, e por isso outra opção a ser adotada é o plantio combinado com café. O secretário da Agricultura, Valter Bianchini, contou que há anos o Estado discute a viabilidade do cultivo de seringueiras, porque o país consome cerca de 300 mil toneladas por ano de borracha e produz um terço disso. 

 

Bianchini explicou que o custo de implantação dificultou até agora o investimento na cultura, porque o início da produção leva de seis a oito anos. Mas ele citou a possibilidade de uso de recursos do Pronaf-Eco para o plantio, a existência de zoneamento climático e tecnologia e a perspectiva de uma boa renda, demonstrada pelos pioneiros da heveicultura no Estado, que atuam no ramo desde o fim dos anos 1980. 

 

Segundo ele, o plano deve ser lançado ainda em novembro e, para que caminhe, será necessário ampliar os viveiros e produzir mudas para o plantio de mil hectares por ano a partir de 2010. "Detalhes estão sendo acertados, mas há uma decisão do governo de estimular a cultura". O custo de implantação é estimado em R$ 4 mil por hectare e a média de renda bruta é de R$ 6,5 mil a partir do sétimo ano. Uma árvore produz por durante cerca de 35 anos. 


 
Gonçalves, da divisão florestal, comentou que o produtor paranaense está acostumado a trabalhar com cultura anual, por isso será feito trabalho de divulgação e acompanhamento da planta, junto com o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). 

 

A Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, que colonizou a região, foi a primeira a apostar em seringueira no Estado. "Plantamos em 1988 a primeira muda. Busquei a semente em São Paulo", conta Mauro Rosseto, engenheiro agrônomo e gerente da área de pesquisa. Hoje a empresa possui uma fazenda com 374 hectares e 174 mil árvores no município de Paranapoema. Rosseto lembra que no local havia plantação de café, mas os pés estavam doentes e deram espaço à nova opção. 

 

A direção da Cocamar não quis falar sobre o assunto, mas recentemente apoiou evento promovido pela Emater que tinha a heveicultura como um dos temas. Segundo a assessoria da cooperativa, foi mostrado que a Malásia, um dos maiores produtores mundiais, está cortando seringueiras para obtenção de madeira, por isso a demanda vai aumentar. Aos participantes foi mostrado que em cada hectare podem ser cultivadas 580 plantas, e a sangria é feita a cada três ou quatro dias, nas horas mais frescas. Por ano, cada árvore produz de 5 a 10 quilos de borracha, que podem ser comercializados de duas formas: cernambi (tipo de borracha coagulada) ou látex (líquida). 

 

O agrônomo Nício Otani, um dos cooperados da Cocamar, cultiva seringueiras em 10 hectares no município de Alto Paraná, metade em produção e metade com três anos. Como tem visto o interesse de outras pessoas pela planta, está investindo em um viveiro para produção de 200 mil mudas por ano. As primeiras ficarão prontas em fevereiro. "Toda semana recebo pedido de informações", diz. Otani plantava café e mandioca, mas agora só quer saber do mercado de borracha. "Dá mais que qualquer cultura ou pecuária", garante. 

 

Veículo: Valor Econômico


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